Muitas vezes eles estão
nas famílias antes mesmo
das crianças aparecerem.
Outras, são inseridos para
oportunizar o convívio dos
pequenos e fomentar as primeiras
noções de cuidados
e vínculos afetivos. Os animais
domésticos, frequentemente,
estão presentes
nos lares brasileiros, mas
para conviver com crianças,
eles exigem cuidados e
atenção redobrados para
que haja o estabelecimento
de uma relação saudável
para os bichos e para os
pequenos.
A veterinária Geysa
Negreiros ressalta os benefícios
de crianças manterem
uma convivência diária com
os animais, mas lembra da
necessidade de se manter
atento para aspectos
relacionados à saúde dos
menores e também dos animais
de estimação.
Foto: Jailson Soares/ODIA
“É preciso se atentar a
várias coisas, uma delas,
por exemplo, é que você
tem que saber o temperamento
do animal para
botar perto da criança, e
antes mesmo da chegada
do bebê, preparar o animal
para receber a criança
para esse momento não
ser ruim nem para ela e
nem para o animal que,
muitas vezes, já faz parte
daquela família. Uma das
coisas mais importantes
é, também, ter cuidados
com a higiene do animal e
higiene pessoal”, lembra.
Para os bichos de estimação,
é importante
efetivar cuidados relacionados
como manutenção
da vacinação, o controle
da vermifugação, ter
hábitos de banho, tosa e
limpeza em geral, além de
se preocupar com a oferta
de uma boa ração e idas
rotineiras ao veterinário
para manter o animal
sempre saudável.
Já para os cuidadores,
sejam adultos ou crianças,
a higienização pessoal
deve ser levada a sério.
“Eu tenho um bebê, mas
toda vez que brinco com
os meus cães para que eles
não sintam falta de atenção
após a chegada do bebê,
eu me preocupo em tomar
um banho antes de voltar
a cuidar da criança”, destaca
Geysa. São com essas
medidas simples, que o
equilíbrio entre cuidados e
deveres com animais é buscado
nas atividades diárias.
Para quem já tem algum
animal em casa e se prepara
para receber um filho,
a dica da especialista é ir
educando o animal para
que ele também se prepare
para a chegada da criança.
Respeitando os espaços e a
presença do bebê.
“Quando estava grávida,
já fui evitando que o
cachorro subisse na cama,
por exemplo. Mesmo grávida
já fui cortando esses
hábitos, porque você tem
que aproveitar a gestação
para ir preparando o
ambiente para que o seu
animal não sinta mudanças
bruscas, e não associar a
chegada da criança como
uma coisa ruim”, informa.
Nos casos de animais
que ainda serão inseridos
no convívio das famílias,
em um ambiente onde já
tem crianças, o essencial é
entender o temperamento
do bicho e se manter vigilante
nos momentos de
interação entre animal e
criança.
“Ao escolher um animal
para introduzir na família,
a mãe também deve pensar
em uma opção que ela
goste. Pensar se tem tempo
para o animal, porque tem
os custos que ele acarreta,
a responsabilidade
de criar. Não é só porque
a criança vai desenvolver
com a presença de um
animal de estimação, que
eu vou inseri-lo sem pesar
as responsabilidades. O
animal vai adoecer, vai
latir, e se a pessoa não
estiver consciente disso, ela
acaba depois abandonando
o animal, doa. Para não
acontecer isso, você tem
que primeiro se preparar”,
esclarece a veterinária.
Cães e gatos são os mais
comuns entre os bichos
de estimação, segundo
a Pesquisa Nacional de
Saúde (PNS 2013), feita
pelo Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística
(IBGE), já que 44,3% dos
domicílios do país possuem
pelo menos um cachorro, o
equivalente a 28,9 milhões
de unidades domiciliares.
Em relação à presença de
gatos, 17,7% dos domicílios
possuem pelo menos um, o
equivalente a 11,5 milhões
de unidades domiciliares.
Animais podem contribuir no desenvolvimento cognitivo e motor
Muito além de um ‘companheiro
fiel’, como são
conhecidos alguns bichos de
estimação, o convívio com
animais nas primeiras fases
da vida é extremamente
estimulantes ao desenvolvimento
psicossocial da
criança. Os ganhos vão
desde maior senso de responsabilidade
até estímulo
a parte motora.
“Tem muitas pesquisas
que avaliam que o convívio
com um animal ajuda no
desenvolvimento da criança
como seu comportamento
de afetividade, responsabilidade
para cuidar de um
ser vivo, ajuda no desenvolvimento
motor e social. São
ganhos muito positivos”,
destaca a veterinária Geysa.
Além disso, os animais
também podem produzir
outros benefícios para a
saúde. As terapias assistidas
por animais são capazes de
promover melhoras físicas,
sociais, emocionais e cognitivas
humanas. Os animais
são indicados para pessoas
com deficiências sensoriais,
a exemplo de cegos e surdos;
dificuldades de coordenação
motora, atrofias musculares,
paralisia cerebral, autistas,
portadores de Síndrome de
Down, distúrbios comportamentais
e outras afecções.
Mas nem tudo são benefícios.
Há também os cuidados
para não prejudicar
a saúde das crianças.
Os pêlos de animais são
Animais podem contribuir no desenvolvimento cognitivo e motor
potencialmente alergênicos,
podendo causar em
crianças predispostas dermatites,
rinite, bronquite.
Por isso, a liberação médica
é fundamental para saber
da possibilidade de criar
um animal doméstico ou
não.
A supervisão de um
adulto durante a interação
de crianças e animais
é essencial para prevenir
acidentes, como mordidas
ou outros traumas,
já que tanto as crianças
quanto os animais não tem
noção de força ou reação
adequada.
Por: Glenda Uchôa - Jornal O DIA