A reforma trabalhista é como um chute na barriga das mulheres grávidas. É, literalmente uma agressão física. Chega a ser desumano submeter uma mulher aos oito, nove meses de gravidez, a ruído, sol e poeira, entre outros agentes presentes em um local de trabalho insalubre.
Os defensores do indefensável dizem que, agora, as grávidas terão “permissão” para trabalhar nessas condições. Não parece piada, porque nos dá vontade de chorar, em vez de rir. Na prática, as mulheres agora serão vítimas de trabalhos degradantes. A permissão, na verdade, foi dada aos patrões para explorarem ainda mais a força de trabalho feminina.
Lembro da declaração do deputado federal Mainha (PP), defendendo eufórico a reforma trabalhista e a possibilidade de a mãe voltar à empresa antes de terminar a licença maternidade. “Depois de três meses, a mulher já está cansada de ficar em casa”, disse. Pergunto-me se ele fala isso por ignorância ou é mesmo de má fé.
Ele, e nenhum dos machistas, misóginos e insensíveis deputados e senadores que ajudaram a aprovar a reforma trabalhista pensaram nas grávidas com os pés inchados, com as dores nas costas e com uma barriga que muda o eixo de gravidade, provocando maior risco de quedas.
Mas, o que poderíamos esperar de um Congresso formado por 90% de homens, a maioria interessada em manter a criminalização do aborto e em criminalizar mulheres que denunciarem estupro e não conseguirem provar que foram vítimas? A resposta é que podemos esperar coisa muito pior.
A mulher já era a carne mais fraca do mercado, agora virou a carne podre.