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Festival de Rabecas promove intercâmbio cultural em Bom Jesus

Três cordas e um som rústico e inconfundível. A rabeca, instrumento tocado há séculos no Piauí, se misturou à zabumba, ao triângulo, ao acordeon e a tantos outros instrumentos que deram o ritmo ao 9º Festival de Rabecas de Bom Jesus, no sul do Piauí. Durante esta edição do festival, que aconteceu de 28 a 30 de setembro, os mestres rabequeiros da cidade dividiram o palco com a nova geração, composta por alunos que fazem parte da Orquestra de Rabecas de Bom Jesus. Além deles, grupos de outros estados, como Ceará, Minas Gerais, Pernambuco e do Distrito Federal, levaram sua arte para o palco Mestre Erondino e mostraram a riqueza do intercâmbio cultural promovido neste grande encontro.

Ver a experiência dos mestres rabequeiros e de outros grupos ajuda a inspirar aqueles que estão começando a tocar algum instrumento. João Victor Costa, de 13 anos, é um dos alunos que assiste às aulas de rabeca no Espaço Cultural Mestre Joaquim Carlota. Essa foi a primeira vez que ele se apresentou no palco do festival, que neste ano reuniu mais de 20 mil pessoas. João tocou a zabumba na companhia do professor Staylon Sales, que tocou rabeca. “Tem um mês que comecei nas aulas e já toco tudo”, diz, se referindo à rabeca, ao triângulo e à zabumba.

Do Ceará, Makito Vieira tocou junto com os mestres rabequeiros da cidade. Nessa sexta-feira (30), último dia do festival, o público pôde se encantar com a apresentação da orquestra Acordes do Campestre, de São Raimundo Nonato. No repertório, da sanfona tocada por jovens atendidos pelo projeto que leva o mesmo nome da orquestra, o sucesso de Alceu Valença, “Anunciação”.

“Essa é a segunda vez que a orquestra participa do Festival de Rabecas. Hoje o projeto que existe há sete anos atende 120 alunos em São Raimundo Nonato, São João do Piauí e Dom Inocêncio”, diz o músico Sandrinho do Acordeon, coordenador do projeto.

O público também viu a apresentação de Martinha do Coco, do Distrito Federal, que levou uma mistura de ritmos para o evento e desafiou os presentes para dançar o samba do coco. No teatro e na dança também não foi diferente. As apresentações aconteceram durante os três dias no palco do Queijinho Mestre Beija, na praça do Fórum. De Cabo Verde, na África, a Cia Pessoa 50, apresentou o espetáculo infantil Ti Lobo e Chibinho.

Os alunos de Bom Jesus, que também participam das aulas de teatro e de dança que acontecem no Espaço Cultural Mestre Joaquim Carlota, dividiram experiências com grupos de Teresina. Crianças de todas as idades tomaram conta do palco do Queijinho. Elas também marcaram presença na apresentação da peça “Cora dentro de mim”, levada pela maranhense Lília Diniz, ao Espaço Cultural. Um fogão de lenha, um baú de memórias, uma colcha de retalhos fizeram parte do cenário da apresentação, que recontava a vida da poetisa goiana Cora Coralina.

Mestres Rabequeiros( Foto: Margareth Leite)


Ao final da peça, Lília falou um pouco da vida de Cora Coralina e conversou com as crianças e jovens sobre o espetáculo e a escolha da obra para interpretar. “Me apaixonei pela obra dela. Ela fala de coisas simples. Quando conheci pensei: quando crescer quero escrever como essa mulher”, diz Lília, que além de atriz, é cantora e escritora.

O Festival reuniu o maior público da sua história. Só na quinta-feira (29), mais de 10 mil pessoas ocuparam a avenida Josué Parente, que recebeu o palco Mestre Erondino. Por lá passaram Tom Cleber, Aviões do Forró, Mara Pavanelly, Léo Santana, dentre outros.

“Conseguimos atender todos os públicos, de todas as idades e o resultado é o sucesso desse grande festival. Durante três dias, a cidade respirou cultura, atraiu turistas e a rabeca segue se consolidando. Só temos que agradecer o apoio e a presença de todos”, diz o secretário estadual de Cultura, Fábio Novo.

Cia 50 Pessoa - África( Foto: Margareth Leite)


O Festival de Rabecas de Bom Jesus é uma realização do Governo do Estado, através da Secretaria Estadual de Cultura – Secult e tem o patrocínio do Sistema Estadual de Incentivo à Cultura – Siec.