Terra da Carne de Sol, dos verdes carnaubais, da Batalha do Jenipapo, do Açude Grande, terra de Santo Antônio. São muitas as qualidades que designam a cidade de Campo Maior, no Norte do Piauí. Importante entroncamento entre os estados do Piauí, Ceará e Maranhão, e ponto de ligação entre o sertão e o litoral piauiense, o município guarda à margem dos pontos turísticos mais visitados fatos que foram fundamentais para a história do Piauí, que completa 199 anos nesta terça-feira (19). O Centro Histórico de Campo Maior reúne as marcas da colonização portuguesa, da resistência de um povo e da história de uma gente.
A Catedral de Santo Antônio é o ponto de partida da visita ao Centro Histórico, logo foi o templo católico a primeira construção do local. Fazendas de gado cresciam na região ao mesmo tempo que a necessidade de um templo para a prática da fé. “Haviam várias fazendas de gado e escolheram esse espaço central que ficava no meio de todas elas. O padre Tomé de Carvalho, portanto, instalou a primeira Igreja em 1711 e escolheu Santo Antônio”, defende o escritor João Alves Filho. A partir de então, a vida religiosa, social, cultural e política começou a se desenvolver entorno do largo da Igreja.
As construções que vieram logo em seguida contam hoje aos visitantes como os aspectos da vida portuguesa foram importados pelos colonizadores e impulsionaram os primeiros habitantes. Essa mesma arquitetura testemunhou a passagem por ali das tropas portuguesas do major João José da Cunha Fidié, as tensões que marcaram os dias que antecederam a Batalha do Jenipapo e viu partir dali homens e mulheres em marcha para o mais sangrento combate pelas causas da Independência, como descreveu o monsenhor Joaquim Chaves, em “O Piauí nas Lutas da Independência do Brasil”.
A Catedral de Santo Antônio é o ponto de partida da visita ao Centro Histórico (Foto: Assis Fernandes/ODIA)
É do Centro Histórico que os caminhos começaram ser pavimentados para o início de bairros, mas foi nele que se concentrou a vida da cidade: praças, bares, restaurantes, cinema e a sede dos poderes Executivo e Legislativo. Foi ali também que as famílias campomaiorenses começaram a ser formadas, mais precisamente na Praça Rui Barbosa, onde conta a história que envolta do coreto as mulheres circulavam por um lado, enquanto, os homens, por sua vez, seguiam pelo outro. E, assim, aconteciam os primeiros encontros.
Com mais de 300 anos de história, o espaço não só guarda parte da memória do Piauí, como permanece sendo o coração da cidade. Da tradição religiosa dos Festejos de Santo Antônio, passando pelo Palácio do Jenipapo, sede do poder Legislativo, chegando nas vias que interligam as regiões do município tudo passa por ali. E nada está parado no tempo. A reconstrução da Praça Rui Barbosa, memória afetiva e cultural, trouxe mais vida, mais gente. É entre jardins e monumentos do Centro Histórico de Campo Maior que um belo pôr do sol de forma todos os dias e traz o passado de volta para apontar ao futuro.