Morreu hoje , no Rio de Janeiro, de causas naturais, segundo familiares, o economista, ex-ministro do planejamento, parnaibano João Paulo dos Reis Velloso. Tão logo soube da notícia, o prefeito Mão Santa, que sempre o cita em seus pronunciamentos como exemplo da gradeza de Parnaíba, decretou luto oficial por 3 dias no município.
Trajetória
A trajetória longeva remete a homenagem que recebeu quando completou 50 anos de idade, com uma festa para mais de mil convidados, e não exagerou ao dizer que, apesar de “cinquentão”, ainda se sentia jovem, com muitas ideias e planos.
Personagem singular na cena política brasileira sem nunca ter concorrido a um cargo público, a despeito da pressão de lideranças, àquela época já havia sido ministro do Planejamento por dez anos, fundado e presidido o Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicada (IPEA). Ainda estava por criar o Fórum Nacional de Altos Estudos.
Há três décadas, o evento reúne economistas, governantes e empresários anualmente para discutir temas que giram em torno do que foi a sua maior preocupação nacional: o desenvolvimento econômico. Ele só deixou a condução dos debates em 2017, quando, com a saúde debilitada, se afastou da vida pública. Mas passou o bastão para um dos seus irmãos, o também economista Raul Velloso.
Visto como um político liberal e, em relação à visão econômica como um desenvolvimentista, transitou em governos de seis presidentes entre os anos de 1961 e 1979. Mesmo tendo sido ministro em dois governos do período da ditadura militar — dos generais Emílio Garrastazu Médici e Ernesto Geisel, de 1969 a 1979 —, dificilmente sua imagem é associada ao clima de medo, falta de liberdade, torturas e mortes que marcaram os duros anos inaugurados em 1964. Pensar em Reis Velloso é lembrar do planejador comprometido, sensível ao papel da ciência, da tecnologia e a da produção acadêmica para promover o desenvolvimento do país.