A Ciência da Felicidade ganhou força no início dos anos 2000, quando Martin Seligman assumiu a presidência da Associação Americana de Psicologia e fez uma observação importante. Ao longo dos seus 150 anos de história, a psicologia tinha se dedicado bastante ao estudo das doenças – o que possibilitou avanços importantes na área, mas até então sabia-se pouco sobre o lado positivo da vida humana.
Com o surgimento da Psicologia Positiva, os estudos se debruçaram acerca da felicidade não apenas como resultado da prática de sentimentos, tais como perdão, gratidão, bondade, amor, justiça, resiliência e etc. Mas a Psicologia Positiva vai além e estuda também como o cérebro reage a esses sentimentos e reflete em nosso corpo.
“É uma área multidisciplinar composta por esses três pilares que se complementam: psicologia positiva, neurociência e ciência das emoções”, acrescenta Gustavo Arns, professor dos cursos de pós-graduação em Psicologia Positiva na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), ao lado de Martin Seligman, e realizador do Congresso Internacional da Felicidade.
Um dos expoentes no assunto aqui no Brasil, Gustavo assumiu recentemente a coordenação da primeira graduação em Ciência da Felicidade, oferecida pela Faculdade Unicesumar. A formação foi inspirada no curso do mesmo nome dado na Universidade de Harvard – que passou a ser o curso mais concorrido da história da instituição americana. Os alunos vão aprender sobre as bases dos estudos científicos da felicidade, envolvendo questões de saúde, nutrição, espiritualidade, relacionamentos e ferramentas profissionais.
Reconhecida pelo Ministério da Educação e classificada como tecnólogo, o curso tem duração de dois anos e totalmente a distância e começou de forma gratuita, com mil bolsas de estudo disponibilizadas. “Nós sentimos que neste momento em que nós estamos atravessando, ainda com a pandemia e, agora, ainda mais com a questão da guerra, nos mostra que nunca foi tão necessário falarmos de felicidade, bem-estar e saúde mental”, comenta o coordenador do curso, Gustavo Arns. Após formados, os estudantes poderão atuar na área de eventos, saúde e bem-estar, hospitalidade, educação sistêmica, treinamento, palestras e consultorias.
20 de março: Dia Internacional da Felicidade
Comemorado todo dia 20 de março, o Dia Internacional da Felicidade não serve apenas para celebrar o ato de sermos felizes. A data também chama a atenção para a necessidade de políticas públicas que garantam segurança, emprego, sistema de saúde e comida de qualidade no prato do povo. O dia foi inspirado pelo Reino do Butão, localizado nos Himalaias, entre a China e a Índia, que criou o conceito de Índice da Felicidade para medir bem-estar socioeconômico e o Produto Interno Bruto (PIB), como explica o site das Nações Unidas.
Reforçando essa ideia de felicidade como também oriunda de políticas públicas, o Relatório de Felicidade Mundial, estudo que ocorre há dez anos com incentivo da Organização das Nações Unidas, elabora anualmente uma lista com os países mais felizes do mundo. Divulgados nesta sexta-feira, 18, o relatório trouxe o Brasil ocupando a 39ª posição. Pelo quinto ano consecutivo, a Finlândia recebeu o título de “país mais feliz do mundo”. O Afeganistão aparece em último lugar.
"A lição obtida do relatório, nestes dez anos, é que a generosidade entre as pessoas e a honestidade dos governos são cruciais para o bem-estar. Os líderes mundiais deveriam levar isto em consideração", afirmou Jeffrey Sachs, um dos coautores do estudo, que questiona as pessoas sobre a sensação de felicidade e cruza as informações com dados do PIB, níveis de liberdade individual ou de corrupção, entre outros dados.
“Nós só seremos realmente mais felizes individualmente, quando conseguirmos tangibilizar a felicidade enquanto coletivo, algo que é também é estudado pela Ciência da Felicidade. Que é pensar em como nós podemos construir sociedades mais felizes coletivamente. Isso não quer dizer que sejam apenas sociedades mais sorridentes. São sociedades mais justas, colaborativas, mais pacíficas, inclusivas, que respeitem as diferenças, que sejam ambientalmente responsáveis e economicamente equilibradas”, conclui o professor Gustavo Arns.