O Brasil é referência mundial na área de transplantes na rede pública por meio do SUS (Sistema Único de Saúde), que financia cerca de 96% dos procedimentos no país. Em números absolutos, o Brasil tem o segundo maior volume de transplantes no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos, conforme dados do Ministério da Saúde. A rede pública oferece a assistência integral e gratuita, incluindo os exames preparatórios, cirurgia, acompanhamento e medicamentos pós-transplante.
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A coordenadora da Central de Transplantes do Piauí, Lourdes Veras, explica que no início de 2001, quando o Ministério da Saúde firmou parceria com as companhias aéreas, o Piauí ainda tinha o apoio de empresas conveniadas pelo SUS, tendo o Estado realizado naquele ano 17 transplantes de coração bem sucedidos.
Depois disso, apenas o Hospital Getúlio Vargas assumiu esta função, mas não conseguiu mais dar conta da demanda e o Estado deixou de realizar este tipo de procedimento.
“Temos perspectiva futura para podermos transplantar outros órgãos, mas precisamos melhorar a infraestrutura”, afirma a coordenadora da Central. Ainda segundo Lourdes, a indústria farmacêutica evoluiu e hoje já existem medicamentos que diminuem muito o número de rejeição do órgão transplantado pelo corpo. O rim, segundo ela, é o que mais tem grau de rejeição. Já o fígado tem um período pós-operatório muito grande, no entanto, é raro haver rejeição nos casos.
“No Brasil, são doados coração, rim, pâncreas, fígado, intestino, córnea, pele, que geralmente tira a pele do dórico e atrás dos membros inferiores; osso do fêmur, tíbia, vasos e tendões. Na Europa, transplante composto, mãos, face, pé. É importante dizer ainda que, quando se indica o transplante, é porque é o último estágio da pessoa, não há mais possibilidade de outros tratamentos”, finaliza a médica.
A coordenadora da Central de Transplantes do Piauí, Lourdes Veras, afirma que Piauí já fez 17 transplantes de coração bem sucedidos. Assis Fernandes
Como ser um doador de órgão
No Brasil, foi assinado em 2017 um decreto onde retira a doação presumida de órgãos do RG, desde então, a família passou a ser a responsável por autorizar o ato. Na doação presumida, todo brasileiro que não registrasse sua vontade na identidade afirmando “não ser doador de órgãos e tecidos”, era um doador em potencial.
“Quando foi promulgada a lei para regular os transplantes, o Brasil quis copiar o modelo dos países em que mais se realiza transplantes, mas eles têm uma cultura diferente, só que no Brasil nós não estamos preparados, nosso sistema não tem assistência de qualidade”, conta médica e coordena o sistema de transplante no Piauí, Maria de Lourdes de Freitas Veras.
Portanto, é importante dialogar com a família, sobre o desejo de ser um doador, pois, pela legislação brasileira, não há como garantir efetivamente a vontade do doador, mesmo se for registrada em cartório, não terá validade.