Atacante da seleção brasileira, Cristiane Rozeira disse, em entrevista à "Marie Claire", que sofreu machismo ao longo de sua carreira como jogadora de futebol. Mesmo com uma trajetória consolidada na modalidade, Cristiane afirmou que ainda sofre machismo nos dias de hoje: "Existe um grupinho que me manda trabalhar em outra profissão, diz que futebol não é coisa de mulher ou tenta desmerecer meu trabalho. Só sei que fazem isso porque não são capazes de fazer o que eu faço (risos)", disparou.
Ainda na infância, a centroavante contou sobre situações de machismo que vivia com seus vizinhos: "Eu era a única menina da vizinhança a jogar com os meninos. Eles só brigavam comigo quando perdiam ou levavam drible, mas nada disso me deixava chateada. No dia seguinte, lá estava eu jogando novamente".
Ao decorrer de sua carreira, Cristiane afirmou ter sofrido machismo apenas no Brasil, diferentemente de outros países: "Uma vez, um torcedor perguntou se havia sido vítima de machismo no exterior. Respondi que não. Nunca vivi qualquer preconceito jogando fora do meu país, mas sofri bastante machismo aqui". Jogando no exterior, a atacante confessou ter sentido diferença no acolhimento:" Tive a impressão de que as pessoas nos abraçavam mais lá do que aqui".
Cristiane é um dos grandes nomes da Seleção Brasileira de Futebol. Foto: Reprodução
A jogadora, que foi convocada para a Copa do Mundo de 2019, disse ver desigualdade entre o futebol feminino e masculino. "O futebol feminino sempre teve uma dificuldade de reconhecimento e aceitação. Hoje, os clubes obrigatoriamente precisam ter times femininos, e isso deu nos deu visibilidade, fez com que as pessoas passem a trabalhar por isso. Talvez com a Copa do Mundo neste ano e as Olimpíadas em 2020 a modalidade comece a caminhar".
Sobre seus jogadores favoritos, Cristiane confessou ter admiração por craques como: Ronaldo, Ronaldinho, Romário, Rivaldo e Denílson. Sobre a geração dos dias de hoje, a jogadora afirmou gostar de Cristiano Ronaldo e o elogiou: "Ele tem uma dedicação incrível com o que faz".
Em sua carreira, Cristiane Rozeira já passou por clubes como FFC Turbine Potsdam, VFL Wolfsburg, Chicago Red Stars, Corinthians, Santos, Paris Saint-Germain e São Paulo, onde joga atualmente. A jogadora brasileira se consolidou como a maior goleadora do futebol feminino nos jogos olímpicos de 2012 e a maior artilheira de toda a seleção brasileira, independente do gênero, nos jogos olímpicos de 2016.
São 14 anos defendendo a seleção brasileira, com dois títulos Pan-Americanos. Cristiane afirma nunca ter pensado em outra profissão: "Nunca pensei no que seria senão jogadora. Mesmo sabendo das dificuldades na época não havia algo além disso que sonhava em fazer".