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Covid-19: Mortes e ocupação de UTIs devem permanecer em alta até junho

As previsões matemáticas relacionadas à pandemia do novo coronavírus continuam apontando um cenário preocupante para os próximos meses no Piauí. Segundo Jefferson Leite, professor doutor do departamento de Matemática da Universidade Federal do Piauí, as pesquisas desenvolvidas a partir dos dados mais recentes sobre a covid-19 no estado apontam que o número de mortes em decorrência da doença e a taxa de ocupação dos leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) devem permanecer em alta até o mês de junho.


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De acordo com o matemático, o platô da segunda onda, termo utilizado para indicar a estabilidade no número de casos confirmados e mortes pela doença, deve permanecer por, pelo menos, mais 45 dias no Piauí. Para o pesquisador, isso se deve ao lento processo de vacinação da população, ao crescimento contínuo do número de casos confirmados e à falta de leitos na rede hospitalar.

Foto: Assis Fernandes/O Dia

 “O modelo que está se confirmando com as estatísticas mostra que teríamos esse platô de quatro meses, e já estamos há dois meses nele. Então, segundo ele, ainda teremos cerca de um mês e meio com dificuldades. Teremos uma redução a partir do momento em que não tivermos mais uma retenção nos leitos de UTI, porque, quanto mais pessoas precisam de UTI e não tem esse atendimento, mais fácil de vir a óbito”, explica.

O Painel Covid da Secretaria de Estado da Saúde (Sesapi) revela que os casos confirmados de covid-19 no estado estão em queda, com uma média móvel de 985 casos nos últimos sete dias. No entanto, apenas das últimas 24 horas, 1.249 pessoas foram diagnosticas com o vírus no Piauí. Apesar da redução, o índice ainda é considerado elevado. O matemático explica que, para que os óbitos em decorrência da doença reduzam é necessário que haja uma queda significativa no número de casos.

“O número de casos começa a cair e veremos o reflexo disso em 15 a 20 dias, porque o tempo em que a pessoa passa a ter contato com o vírus, desenvolve os sintomas, precisa de atendimento médico e vem a óbito, acontece em uma janela de duas a três semanas. Então, quando começarmos a ter uma queda efetiva no número de casos é que vamos ter uma redução do número de mortes”, afirma.

Número de pessoas infectadas pode ser até seis vezes maior

O matemático Jefferson Leite alerta ainda para o fato de que o número de pessoas infectadas pelo novo coronavírus no estado pode ser seis vezes maior do que o registrado nos números oficiais. Isso porque há uma subnotificação dos casos. Segundo ele, a probabilidade é de que, a cada seis pessoas contaminadas, apenas uma seja confirmada. Atualmente, 237.845 foram diagnosticadas com a doença.

“Nem todo mundo testa e temos uma quantidade de teste limitadas, tanto na rede pública quanto privada. O que a gente precisa observar são as pessoas que efetivamente precisaram ir até o posto de saúde procurar atendimento”, destaca.

Segundo ele, a dificuldade em manter o distanciamento social e as aglomerações contribuem para esse índice. “O isolamento social em si é mais difícil e o distanciamento social muita gente ainda não faz e se faz é de maneira errada. Por exemplo, estamos vendo a inauguração de grandes lojas com muita gente e isso é realmente preocupante”, afirma.

Para Jefferson Leite, a redução do número de casos só é possível com o prolongamento das medidas restritivas e, principalmente, com a aceleração do processo de vacinação da população.

“A gente não vai conseguir imunizar nem as prioridades até outubro, e isso faz com que a gente não consiga essa imunidade de rebanho e vamos ter que vacinar tudo de novo. Daqui a pouco teremos uma nova cepa que não pode ser repelida com a vacina. O risco de termos uma vacinação lenta é que só vamos ter uma imunização de rebanho em dois anos”, finaliza.