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COVID-19: Tratamento utilizado em Floriano evita internações em UTI

Um tratamento adotado com pacientes diagnosticados com Covid-19 no Hospital Regional Tibério Nunes, em Floriano, Sul do Piauí, tem conseguido excelentes resultados. O novo protocolo se baseia no uso de corticoides e diminuiu as complicações pulmonares da doença e a quantidade pessoas infectadas que necessitaram da Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

O método resultou da troca de experiências de médicos piauienses com a doutora Marina Bucar Barjud, natural de Floriano, mas que atua com pesquisas de enfrentamento ao novo coronavírus em Madri, na Espanha. Por lá, a epidemia chegou mais cedo e possibilitou a elaboração de procedimentos mais eficazes no tratamento de pacientes.

Durante 30 dias, foi utilizado em Floriano o protocolo estabelecido pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesapi). Durante esse período, cinco pessoas que testaram positivo para a doença precisam da UTI e faleceram devido às complicações. Com o novo protocolo adotado, a equipe médica do hospital conseguiu zerar a quantidade de pessoas que necessitam da terapia intensiva.

Diretor clínico do Hospital Regional Tibério Nunes, o médico Justino Moreira é um dos pioneiros na aplicação do método em pacientes no Brasil. Ele explica que o protocolo é voltado para os casos que apresentam os sintomas da Covid-19 e, mais especificamente, relatam problemas respiratórios com dificuldade de respiração.

“O que temos revolucionado aqui em Floriano são os casos que vão para o hospital com os sintomas clássicos da Covid e complicações respiratórias. Temos encontrado pulmões comprometidos e aplicado um corticoide na veia, que consegue desinflamar essa lesão”, relatou ao defender que é necessário conhecer o momento exato da utilização da medicação a base de metilprednisolona.

Casal que chegou ao hospital com comprometimento de pulmão e recebeu o tratamento é um dos exemplos de sucesso (Foto: Divulgação / Sesapi)

Esse método divide a doença em três etapas. Na primeira, identificada de replicação viral e que dura até o sétimo dia da infecção, o paciente apresenta febre, dor de garganta, náuseas, vômito e diarreia. A segunda etapa, a fase inflamatória, que segue do sétimo ao décimo dia, o paciente tem sintomas pulmonares como falta de ar e dor no peito. E, na terceira e última etapa, ocorre a fibrose, o que leve ao óbito.

O médico afirma que a eficácia do tratamento utilizado em Floriano está entre o final da primeira fase e início da segunda. “Entorno de 20% dos pacientes tendem a desenvolver uma inflamação, que destrói totalmente a arquitetura pulmonar. Isso é o que gera a insuficiência respiratória e que leva ao leito de UTI e ao óbito. Uma vez a gente tem conseguindo aplicar essa medicação entre o sétimo e o décimo dia, freamos essa inflamação e o paciente não entra numa terceira fase que é a de fibrose e que leva ao óbito”, pontua.

Hidroxicloroquina

A utilização da hidroxicloroquina no tratamento de pacientes com Covid-19 também é testado em Floriano. O médico Justino Moreira tem como referência estudos que apontam que o efeito positivo da hidroxicloroquina  aparecem quando é utilizada na fase inicial da doença.

Ele comenta um levantamento realizado com cerca de 1 mil pacientes de São Paulo que indica que a cada 23 pacientes tratados com medicação, um não evolui para os sintomas graves. “O resultado ainda é pobre e a ciência do mundo inteiro não conseguiu documentar o real valor que se tem com hidroxicloroquina e azitromicina”, classifica.

Os testes em Floriano começaram recentemente e ainda não apresentaram resultados. O método consisti no diagnóstico precoce da Covid-19 numa Unidade Básica de Saúde (UBS) do município para que a hidroxicloroquina seja utilizada até o sétimo dia da doença, etapa que a medicação pode ter efeito positivo no paciente.