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Covid: Piauí tem mais vacinados que diagnósticos; 'Dado é insignificante', diz médico

Desde o início da campanha estadual de vacinação, em fevereiro, o Piauí já vacinou 266.687 pessoas com as duas doses do imunizante contra a covid-19. O número é 1,3% maior que o total de casos confirmados da doença desde o começo da pandemia, lá em março de 2020. No momento, o Piauí tem 263.251 pessoas diagnosticadas com a doença. Isso significa que há mais piauienses vacinados do que notificados com o coronavírus.


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Mas na prática, isso não quer dizer nada. Para os especialistas, o Estado continua com um número insignificante de pessoas vacinadas perto do universo de gente contaminada, que é muito maior do que os casos realmente confirmados da doença. 


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Aí entra a questão da subnotificação: como muita gente tem dificuldade de acesso ao exame RT-PCR, considerado o padrão-ouro de testagem da covid, o número de pessoas realmente infectadas com o coronavírus é bem superior ao número de casos oficialmente confirmados, o que torna a quantidade de vacinados sem impacto na pandemia. 

“Geralmente as pessoas se testam porque estão com suspeita e se tem suspeita, tem sintomas. Mas há aqueles assintomáticos que transmitem o vírus sem nunca entrarem na estatística oficial. Se eu fosse chutar, talvez esse total de confirmados no Piauí fosse apenas um décimo da realidade do número de infectados”, diz o infectologista Kelson Veras.


Foto: Assis Fernandes/O Dia

O que preocupa, segundo ele, é a alta transmissibilidade do coronavírus e a velocidade com que ele se espalha, que é muito maior do que a velocidade de vacinação. É isso o que torna o número de imunizados ainda sem impacto real para se frear a pandemia. Isso só aconteceria se a população praticasse um verdadeiro lockdown de no mínimo um mês. Seria o suficiente, de acordo com o médico, para dar uma boa desacelerada no ritmo de transmissão da covid-19 e evitar mais mortes.


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“Continuando como está, com o desinteresse dos governos, de um modo geral, desde o início da pandemia, não teremos nem terceira onda. Teremos um tsunami de casos e mortes. O pior mesmo ainda está por vir. Temos uma variante muito letal no estado vizinho, temos dificuldade de acesso ao diagnóstico e uma vacinação que ainda está patinando. Eu acho que agora é que vamos de fato sentir o que é uma pandemia de verdade”, alertou Kelson.