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Curta sobre cidade piauiense fatura prêmios em Encontro nacional de cinema

Durante o último final de semana, a cidade de Floriano se tornou a capital nordestina do Cinema. O 11º Encontro Nacional de Cinema e Vídeos do Sertão movimentou a cena cultural do estado e trouxe exibições de filmes premiados para a plateia piauiense, do dia 16 a 20 de novembro. O Piauí foi a estrela do evento. O documentário "Deixa a Chuva Cair", de Juscelino Ribeiro ficou com os prêmios de Melhor Filme, Roteiro e filme eleito pelo júri popular. O curta "A Ampulheta - Memórias de areia e Vento" faturou dois dos principais prêmios elegidos pelo juri técnico do Encontro: Melhor direção, para Thiago Furtado e Melhor Fotografia, para Jonathan Dourado. 

Jonathan Dourado e Thiago Furtado (Foto: Reprodução/ Facebook)

O filme conta a história do povoado de Porto dos Tatus, no litoral do Piauí. Parte das casas que formavam o município foram encobertas pelas dunas que circundam a região, entre os anos 80 e 90. Gradualmente, os ventos foram empurrando a areia, até cobrir diversas casas. O processo de avanço da areia continua, e já ameaça invadir a área de outras residências. Hoje, a parte soterrada da comunidade insiste em existir na memória dos antigos moradores.

Certas narrativas trazem em si oportunidades para boas metáforas. O tempo e as memórias se fundem no documentário que acerta em cheio no equilíbrio entre o objetivo e o subjetivo mostrado na tela.  Em seis entrevistas, o diretor Thiago Furtado conseguiu captar a saudade e o carinho com que os ex-moradores guardam as lembranças de lá.

Cena de "A Ampulheta - Memórias de areia e vento", do piauiense Thiago Furtado (Foto: Divulgação)

"Acho que o que conseguiu atingir os jurados foi a sutileza", arrisca o cineasta. "Nossa abordagem foi sobre a memória da cidade. Não queríamos denuncismo no filme, e tentamos criar uma abordagem poética", disse Thiago. O filme demorou dois anos para ser concluído, e foi produzido como trabalho de conclusão do curso de jornalismo de Thiago. Mas segundo ele, durante a edição o projeto tomou as próprias rédeas e se tornou mais do que isso. 

"Foi um trabalho de imersão, fiquei bastante envolvido com a comunidade. Quando comecei a editar, criei uma paixão pelo que estava fazendo. Isso se uniu com a minha paixão pela história, pelos personagens, pelo audiovisual, e isso até me ajudou com o TCC, por que o que eu queria era contar a história deles. O TCC ficou em segundo plano", conta.

A ideia de Thiago agora é montar um livro com as histórias retratadas no filme com mais profundidade. Ele também planeja realizar uma exibição pública na comunidade onde vivem os antigos moradores de Porto dos Tatus. "O filme é sobre eles, para eles, é deles. Eu só fui lá captar as imagens".

Com os dois troféus, A Ampulheta já coleciona quatro prêmios conquistados. Em maio deste ano, o curta foi agraciado com os prêmios de Melhor Filme e Melhor Roteiro, na Mostra Audiovisual de Dourados, no estado do Mato Grosso do Sul.