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Docentes da Uespi avaliam iniciar nova greve, caso governo descumpra acordo

Os professores da Universidade Estadual do Piauí avaliam iniciar uma nova greve nos próximos meses, como forma de pressionar o Governo do Estado a cumprir os compromissos firmados durante a negociação intermediada pelo Poder Judiciário.

Este ano, a categoria já iniciou uma greve no dia 18 de março, que se estendeu até o dia 15 de abril. Sob ameaça de corte nos salários dos profissionais, a Associação de Docentes da Universidade Estadual do Piauí (Adcesp) decidiu suspender a greve, com o compromisso firmado pelo governo de atender algumas das reivindicações apresentadas, como a realização de novos concursos públicos para professores - tanto do quadro efetivo quanto do provisório.

Rosângela Assunção, coordenadora-geral da Associação de Docentes da Universidade Estadual do Piauí (Adcesp), lembra que na negociação intermediada pela Justiça o governo se comprometeu a lançar um edital de concurso para professores provisórios no dia 29 de abril. Mais de um mês depois desse prazo, o lançamento do certame ainda não foi feito.

A professora Rosângela Assunção, coordenadora-geral da Adcesp (Foto: Elias Fontinele / O DIA)

Segundo a Adcesp, atualmente a Uespi está com 384 disciplina sem professor. A universidade conta com cerca de 800 professores efetivos e um pouco mais da metade disso de professores do quadro provisório. 

"A crise na Uespi permanece. Você imagina um aluno ir pra universidade pra ele assistir à aula de dois professores! Se num período o aluno deve ter seis disciplinas, mas só consegue fazer duas disciplinas, um curso que era pra terminar em quatro anos vai pra seis. Isso acaba atrasando a entrada de inúmeros estudantes no mercado de trabalho. O professor é o básico para o funcionamento da universidade. O aluno está perdendo o principal direito dele, que é o de ter um professor em sala de aula ministrando as disciplinas", pondera Rosângela, acrescentando que a única boa notícia dada pelo governo nas últimas semanas foi a prorrogação do concurso vigente para professores efetivos.

Ela explica que no dia 7 de junho haverá uma nova rodada de negociações com o governo. Inicialmente, a reunião serviria para discutir as pautas que ficaram pendentes, mas agora os professores também terão que cobrar a execução dos compromissos firmados ainda na negociação de abril, que até agora não foram cumpridos.

Três dias depois, em 10 de junho, será feita uma assembleia geral da categoria, para avaliar os resultados do diálogo com o governo e decidir sobre a realização de uma nova greve. 

A Adcesp questiona a alegação apresentada pelo governo de que o estado vive uma crise financeira. A associação observa que a máquina administrativa continua inchada, para garantir espaço a todos os aliados do governador Wellington Dias (PT).

"O que nós percebemos, enquanto funcionários públicos, é que hoje a política do governo é uma política de congelar a vida do funcionário público. No entanto, o estado continua fazendo as suas reformas, sua distribuição de secretarias. Então, a gente entende que o estado não está nessa crise tão anunciada, porque senão não se faria tanta distribuição de cargos e de secretarias para os deputados", avalia Rosângela.

Além da carência de professores efetivos e provisórios, a associação também denuncia defasagem salarial sofrida pelos professores, o corte nas bolsas estudantis e o descaso com a Faculdade de Ciências Médicas (Facime), cujos alunos têm ficado sem preceptores e sem acesso ao Hospital Getúlio Vargas (HGV), que, por lei, é reservado para a formação acadêmica dos estudantes da Uespi.