O Piauí é o quinto estado do país com o maior número de pessoas trabalhando em condições análogas à escravidão. De acordo com dados do Observatório da Erradicação do Trabalho Escravo, entre 2016 e 2020, foram 284 pessoas resgatadas em todo o estado.
O município de Baixa Grande do Ribeiro lidera o ranking dos municípios com os maiores casos, constando 54 resgates. Santa Cruz do Piauí, Esperantina e São João da Serra vêm logo em seguida, com mais de 20 pessoas resgatadas em cada município.
As ações para fiscalizar e resgatar estes trabalhadores têm sido dificultadas pela pandemia da Covid-19. Mesmo com esse entrave, em 2021, foram resgatados cerca de 20 trabalhadores vivendo em condições de exploração no Estado.
Foto: Divulgação/MPT
Segundo os dados do Observatório da Erradicação do Trabalho Escravo, as principais denúncias de trabalho escravo, de 2012 a 2019, são por jornada exaustiva, condições degradantes de trabalho e impossibilidade de deixar o serviço ou local.
Outro levantamento aponta que cerca de 40% das vítimas não haviam concluído o ensino fundamental e 15% das pessoas eram analfabetas. Isso comprova que a baixa escolaridade ou analfabetismo tornam os indivíduos mais vulneráveis a esse tipo de exploração. A maioria das vítimas era do sexo masculino e tinham entre 18 e 44 anos de idade.
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O procurador do Trabalho e Coordenador Regional de Erradicação do Trabalho Escravo (CONATRAE), Edno Moura, afirma que para combater esse problema se faz necessário não apenas medidas repressivas, mas, também, políticas públicas que evitem essa prática no Piauí e no Brasil como um todo.
Edno Moura. Foto: Arquivo O Dia
“Infelizmente, não existem políticas nesse sentido a nível federal, muito menos estadual e municipal. Como consequência disso, o Piauí tem esses dados alarmantes, o que comprova que precisamos de medidas que atuem na prevenção e combate desse crime, e que amparem as vítimas após o resgate delas”, informa.
Edno Moura afirma ainda que, apesar das dificuldades, o combate ao trabalho escravo tem obtido avanços e mudado a realidade de várias atividades econômicas no Piauí.
“No segundo semestre de 2021, com a melhora do cenário, esperamos realizar muitas operações no Piauí e, ao final do ano, teremos o diagnóstico completo da situação do trabalho escravo no estado, além de analisar estatisticamente como a pandemia afetou diretamente na incidência de casos”, concluiu.