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Falta de informação impede diagnóstico correto do Alzheimer no Brasil

Esquecimento, dificuldades de comunicação, perda gradativa dos movimentos do corpo. Esses sinais não são apenas característicos da velhice humana, mas podem apontar para outra realidade cada vez mais comum entre os brasileiros, a do Alzheimer, doença neurodegenerativa que acarreta alterações no funcionamento cognitivo. Estima-se que no Brasil, por ano, 100 mil novos casos dessa doença apareçam, número que poderia ser bem maior, caso existisse uma maior conscientização sobre os sintomas. 

Evento realizado em Teresina abordou as dificuldades de diagnóstico e limitações de quem sofre da doença (Foto: Assis Fernandes/ O Dia)

Além de levar o indivíduo a alterações cognitivas, como perda de memória, linguagem, e habilidades espaciais, o Alzheimer também pode gerar alterações no comportamento, causando apatia, agitação, agressividade. Essas mudanças causam limitações nas atividades diárias de quem sofre com a doença. “A pessoa com Alzheimer acaba se isolando porque não consegue mais interagir com as outras pessoas”, pontua o médico neurologista, João Carvalho. 

Ao contrário do que muita gente pensa, o Alzheimer não é uma consequência do envelhecimento, nem é causado por estresses, traumas psicológicos ou depressão. A principal causa diz respeito a degeneração das conexões das células do cérebro. 

Por ser uma doença progressiva, ou seja, em que a gravidade dos sintomas aumenta com o tempo, o Alzheimer, muitas vezes, acaba negligenciado em suas fases iniciais, o que gera sérios prejuízos ao tratamento. “É preciso trabalhar essa conscientização junto às pessoas, para que elas reconheçam os primeiros sintomas, e procurem ajuda o mais precoce possível”, destaca. 

A idade é o principal fator de risco para o desenvolvimento do Alzheimer. Após os 65 anos, as chances de adquirir a doença dobram a cada cinco anos. O estilo de vida também pode ser um fator determinante para incidência do Alzheimer. Problemas como hipertensão, diabetes, obesidade, tabagismo e sedentarismo, podem aumentar as chances de adquirir Alzheimer. 

Apesar de não existir uma cura defnitiva para a doença, os avanços da medicina já permitem que os pacientes tenham uma melhor qualidade de vida, mesmo na fase avançada do Alzheimer. Tratamentos realizados através de medicamentos possibilitam que a doença tenha uma evolução mais lenta. 

Família precisa se adaptar à realidade da doença

Uma das maiores barreiras para a identificação precoce dos sintomas do Alzheimer é encontrada dentro da própria família. Em alguns casos, filhos, netos, acabam banalizando os sinais da doença, e prejudicando a qualidade de vida do idoso. A médica gerontóloga, Amanda Fernandes, explica que os cuidadores familiares são peças fundamentais na vida de quem convive com Alzheimer. 

“O cuidador está em pelo menos 80% das atividades do idoso. Como o idoso vai perdendo a autonomia, muitas vezes, o cuidador precisa estar presente o dia inteiro. isso faz com que ele também sofra o impacto do Alzheimer, porque acaba deixando a sua vida, para cuidar do outro”, pontua Amanda. 

A gerontóloga Amanda Fernandes explica que os cuidadores familiares são peças fundamentais (Foto: Assis Fernandes/ O Dia)

Segundo a gerontóloga, entender os sintomas e consequências do Alzheimer facilita o processo de adaptação da família à nova realidade. “O fato de não lidar com o desconhecido, faz com que a pessoa fique mais tranquila, e saiba como agir nas situações ocasionadas pelo Alzheimer”, destaca. 

Além de conhecer os sintomas, a família também precisa adaptar os espaços físicos da casa, para garantir a qualidade de vida do idoso com Alzheimer. A também gerontóloga Clélia Reis explica que o envelhecimento diminui a capacidade funcional , o que é potencializado em casos de Alzheimer. 

“Os idosos correm maiores riscos de queda no ambiente doméstico, o que é uma das maiores causas de morte e depressão entre idosos. então, é preciso prevenir isso. adaptar o ambiente doméstico para o idoso, além de melhorar a qualidade de vida, preserva a autonomia dele”, destaca Clélia Reis. 

Piauí vai ganhar sede da Associação Brasileira de Alzheimer 

No próximo mês de outubro o Piauí vai ganhar mais um instrumento de divulgação dos sintomas do Alzheimer. A Associação Brasileira de Alzheimer (ABRz) voltará a ter sede no estado. O objetivo da entidade é divulgar a doença e contribuir para o investimento no tratamento de pacientes e apoio aos familiares cuidadores. 

O projeto foi idealizado no estado pela gerontóloga Clélia Reis, com a intenção de ampliar o debate sobre Alzheimer no Estado. “A nossa ideia é ser um grupo de apoio para as pessoas com Alzheimer e seus familiares. Vamos realizar ações educativas, palestras, eventos, para que as pessoas conheçam e saibam lidar com o Alzheimer”, pontua.