O Jorna
ODIA inicia esta semana uma
série de
matérias
sobre mobilidade urbana e os diferentes transportes
que os teresinenses utilizam
para se deslocar. A equipe de
reportagem seguiu viagem em
um ônibus e conversou com
usuários deste serviço para saber o que eles acham do transporte, além disso, ouviu quem
trabalha na área.
Segundo o estudante Manoel Alves da Silva Neto, de
21 anos, o transporte público
de Teresina peca em muitos
fatores, principalmente com
relação à frota de veículos.
Ele cita que a quantidade de
carros não é suficiente para
atender à demanda da Capital,
o que faz com que os ônibus
estejam sempre lotados.
(Foto: Moura Alves/ O Dia)
É o que acrescenta a estudante Ana Caroline Soares
Mesquita, de 22 anos. Ela explica que o ônibus é seu principal meio de transporte e reforça que muita coisa precisa
melhorar. “Certeza que precisa melhorar, porque a frota
disponibilizada é muito precária, além da superlotação. A
infraestrutura também deixa
desejar, porque vivemos em
uma Capital muito quente e
apenas uma pequena parte dos
ônibus é climatizada”, disse.
Manoel Alves ainda destaca
que muitas pessoas deixam
de sair de casa, sobretudo no
período da noite, por conta da
pequena quantidade de ônibus circulando neste turno e
reforça que isso limita a mobilidade da população.
Aumento da tarifa
Segundo a Prefeitura de Teresina, o aumento das passagens está previsto ainda para
este semestre e, conforme
proposta, pode saltar de R$
2,75 para R$ 3,30. De acordo
com Ana Caroline Soares, o
valor cobrado pelas passagens
não condiz com o serviço que
é oferecido.
“Querem aumentar o valor
da passagem, mas não condiz
com o serviço que recebemos
atualmente. Seria até aceitável
se a frota fosse nova, estrutura, climatizada, mas não é o
caso. E aumentar muito não é
viável, porque muitas pessoas
pegam dois até quatro ônibus
por dia”, finaliza.
Assaltos assustam
usuários
Outro ponto que o passageiro Manoel Alves enfatiza é
com relação à insegurança. O
jovem conta que os frequentes assaltos ocorridos dentro
os ônibus têm assustado os
usuários. Ana Caroline Soares Mesquita também destaca
essa prática recorrente e pede
providências.
“Eu nunca fui assaltada, mas
conheço amigos que foram.
Precisa ter mais policiamento
e usar as imagens de câmeras
para ajudar a combater esse
tipo de ação. E não podemos
culpar o motorista e cobrador,
porque não sabemos quem
realmente é passageiro e quem
é assaltante”, disse.
O cobrador Ricardo César
Lopes Oliveira, de 37 anos,
trabalha há 18 anos nessa profissão e conta que esse é um
fator que deixa muito a desejar. Isso porque os assaltos são
praticados em qualquer horá-
rio do dia, deixando motoristas, cobradores e passageiros
apreensivos. Mesmo com câmeras instaladas nos veículos,
os criminosos não se sentem
inibidos em praticar o roubo.
“Eles praticam a ação e mesmo sabendo que as imagens
são usadas para identificá-los,
isso não coíbe a prática dos
crimes. Eu nunca fui assaltado
trabalhando, mas conheço colegas que foram”, disse.
O motorista José Roberto
da Silva também lamenta que
essa prática esteja aumentando a cada dia, deixando
as pessoas inseguras e a rotina árdua. “Precisa melhorar
muito, tanto para quem trabalha (motoristas e cobrador)
quanto para o passageiro, porque está tendo assalto direto,
todos dos dias, e ninguém
tem segurança de nada. As câmeras não inibem e sabendo
onde elas ficam localizadas,
eles quebram e levam todo o
dinheiro”, fala.
Para ele, é preciso ter leis
mais severas e usar as imagens
das câmeras instaladas nos
ônibus para ajudar a Polícia a
identificar os assaltantes.
A rotina estressante dentro do coletivo
A rotina de um motorista ou
cobrador de ônibus começa
bem cedo do dia, por volta das
5h. O cobrador Ricardo César Lopes Oliveira inicia sua
jornada às 7h20 e segue até
às 14h20 e, apesar de gostar
muito do que faz, conta que há
momentos do dia que são bem
estressantes.
Ricardo fala que horários de pico são os mais difíceis (Foto: Moura Alves/ O Dia)
“Principalmente nos horários de pico, quando o veículo
está lotado e muitas pessoas
acabam se estressando. Como
algumas pessoas não conhecem a rota, acabam reclamando do horário. Há mal-estar
também quando algum veículo quebra e o outro substituto
demora a chegar. A gente quer
cumprir nossa missão, mas têm
situações que não depende da
gente. O ambiente de trabalho
também favorece muito para
causar esse mal-estar, como a
estrutura dos veículos que não
é adequada, como a falta de
ar-condicionado nos carros”,
disse, acrescentando que o calor torna as pessoas mais intolerantes e com humor alterado.
O motorista José Roberto
da Silva também relata que a
rotina é cansativa. “É uma rotina cansativa, mas eu gosto.
Tem estresse quando é lotado,
passageiro que não respeita a
gente, que quer discutir e até
agredir a gente, mas não podemos dizer nada porque é
ordem da empresa. Se passa da
parada um pouco, as pessoas já
ficam xingando e é ruim trabalhar desse jeito. Claro que
nem todo mundo é assim, mas
acontece de passageiros serem
mal-educados. Para lidar com
isso, é respirar fundo é seguir
com o nosso trabalho”, fala.