As criações de cabras, carneiros e ovelhas são responsáveis por uma parte considerável da economia de estados do Nordeste e do Sul do país. Segundo o Censo Agro 2017, os rebanhos nacionais somam mais de 22 milhões de cabeças e cerca de 859 mil estabelecimentos agropecuários são dedicados a essas criações. Eles estão concentrados, em sua maioria, na Bahia, no Piauí, no Ceará e no Rio Grande do Sul e motivaram a criação da Rota do Cordeiro, que já beneficia 225 municípios brasileiros.
Estudos desenvolvidos pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) indicam as precárias condições tecnológicas, os baixos índices de produtividade e a falta de informações de mercado confiáveis na ovinocaprinocultura. Nesse sentido, a Rota do Cordeiro surge para contribuir especialmente com pequenos produtores rurais em regiões de baixa renda.
O objetivo geral da Rota do Cordeiro é promover o desenvolvimento territorial e regional por meio do fortalecimento dos Arranjos Produtivos Locais (APL) associados à ovinocultura e à caprinocultura. Busca-se identificar e desenvolver redes de APL e articular o apoio de agências públicas e privadas, em torno de uma agenda convergente e sinérgica na cadeia produtiva e no território.
FOTO: Reprodução MDR
As ações partem do entendimento e negociação dos atores (partes interessadas) em relação a problemática do setor (local e nacional) levando a construção de um plano de ações coletivas: carteiras de projetos com base em oficinas locais de integração.
A iniciativa do Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR) integra a Estratégia Rotas de Integração Nacional, que busca estruturar e potencializar uma rede de arranjos produtivos locais capazes de acelerar o desenvolvimento regional e urbano. Junto com a Embrapa e a Associação Brasileira de Criadores de Ovinos (Arco), a pasta definiu 15 polos prioritários para o desenvolvimento de ações de incentivo à ovinocultura e caprinocultura.
São doze localizados na região Nordeste, um na Sudeste e dois na Sul: Sertão do Inhamuns; Sertão Norte Baiano; Sertão do São Francisco Pernambucano; Polo Cordeiro Potiguar Baixo Parnaíba; Rio das Contas; Serra da Capivara; Chapada do Jacaré; Bacia do Jacuípe; Itaparica; Polo Integrado Paraíba-Pernambuco; Sertão Vale do Mucuri; Alto Camaquã; e Fronteira Oeste - Pampa Gaúcho.
Adalberto Amorim é um dos produtores beneficiados pela política pública do Governo Federal. "A Rota não veio sozinha, ela veio bem acompanhada. Com isso, ampliou a nossa visão e a visibilidade do nosso produto no mercado. A gente antes tinha uma expectativa local, a nossa produção era resumida. Hoje a gente produz uma grande quantidade e temos mercado para produzir mais", comemora.
Representante da Secretaria de Agricultura de Petrolina (PE), José Xavier Filho fala sobre as melhorias para a região depois da chegada da Rota do Cordeiro. "A Rota do Cordeiro é um sucesso em Petrolina. Ela trouxe desenvolvimento não só para o produtor, mas para a economia da cidade", diz.
Rotas de Integração Nacional
Além da Rota do Cordeiro, foram criadas outras dez: do Açaí, da Biodiversidade, do Cacau, da Economia Circular, da Fruticultura, do Leite, do Mel, da Moda, do Pescado e da Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC).
Na Plataforma Rota-S, é possível encontrar dados como os tipos de Rotas existentes, os polos que já estão em funcionamento por todo o País e quais cidades integram cada unidade.
Também está disponível um breve histórico de cada cadeia produtiva apoiada pela Estratégia e fazer um cadastro de produtos. Nesta última etapa, o produtor deve informar a Rota de que faz parte, qual polo integra e inserir dados da empresa.
A coordenadora-geral de Sistemas Produtivos e Inovadores do MDR, Valquíria Rodrigues, reforça a importância das Rotas de Integração Nacional para os setores apoiados.
"A Estratégia incentiva a criação de redes de cooperação e parceria entre órgãos e entidades federais, estaduais e municipais, bem como entre produtores, empresários, universidades e com os organismos de cooperação técnica internacional. Essa parceria tem contribuído para o desenvolvimento de um sistema eficaz de governança regional, com ações entre os agentes públicos ou privados, seja na gestão do financiamento, da capacitação, ou infraestrutura", diz.
"Os resultados têm impacto positivo na geração de empregos e renda, fomenta a segurança, soberania alimentar e nutricional, estimulando o uso eficiente dos recursos naturais e exercício da cidadania", completa.