Em 2006, um grupo de biólogos voluntários iniciou um trabalho de levantamento de dados sobre a conservação de tartarugas marinhas no litoral piauiense. No ano de 2012, o projeto foi transformado em pessoa jurídica, passando a ser chamado de Instituto Tartarugas do Delta.
No decorrer desse trabalho os biólogos conseguiram ser patrocinados pela Petrobras por quase quatro anos, fortalecendo nossas ações de conservação das tartarugas marinhas e realizando monitoramento de praias. Além disso, conseguiram ampliar o trabalho de conservação para outras espécies marinhas, como o boto cinza e cavalos-marinhos.
“Temos também um trabalho de educação ambiental paralelo ao da pesquisa, conservação e geração de renda, porque entendemos que só o trabalho de pesquisa não gera um resultado positivo e eficaz. Ele também precisa ser realizado junto com a comunidade, para que de fato haja a manutenção do ecossistema e que ele possa ser conservado”, explica.
Durante 11 anos de trabalho, Werlanne Santana destaca que tem ouvido relatos dos moradores da própria praia, há residem no local há mais de 30 anos, que nunca tinham presenciado o nascimento e desova das tartarugas. “Antes, elas tinham entendimento que a tartaruga era pescada pelos tios e avós, mas que isso é proibido por lei, porém nunca viam as tartarugas nascendo, e hoje elas podem presenciar isso”, cita.
A bióloga destaca que hoje os moradores entendem que a conservação do ambiente proporciona uma melhor qualidade de vida tanto para os animais quanto para eles e que, se as tartarugas ainda frequentam as praias, é que o local ainda está ecologicamente equilibrado.
O trabalho de conscientização e conversação é feito também em parceria com escolas da região, proprietários de residências, bares e restaurantes, e depois moradores da região urbana de Parnaíba, assim como turistas e gestores ambientais, CMBio, Ibama, policiamento ambiental e Ministério Público.
Biólogos voluntários realizam um trabalho de levantamento de dados sobre a conservação de tartarugas (Foto: Divulgação)
“Identificando os principais acessos das tartarugas marinhas nas praias e fechar e evitar a circulação de veículos nas praias, como forma de preservação de fato. Passamos essas informações ao poder público e cabe eles tomarem as medidas. A população também faz denúncias e assim estamos tentando elaborar uma minuta, a curto e médio prazo para que essa circulação seja organizada, que fica ainda mais complicado no período das férias’, enfatiza Werlanne Santana.
Distribuição materiais educativos orienta turistas
Desde 2010 o Instituto Tartarugas do Delta tem investido na
divulgação e educação ambiental
de moradores e turistas que frequentam o litoral piauiense. Algumas placas foram colocadas em
praias, como forma de orientar os
visitantes sobre a importância de
preservar o local que é o berço das
tartarugas e outras espécies.
“Também fazemos a distribuição de folders e cartazes, colocando em locais públicos, como
farmácias e sorveterias, e estabelecimentos comerciais próximos
a praia, como bares e restaurantes.
Mas a educação é um processo a
longo prazo e entendemos que as
pessoas já respeitaram mais. Infelizmente essa conscientização era
maior quando havia a intervenção do policiamento, porque só o
trabalho educativo não tem tanto
poder de conscientizar”, lamenta
a bióloga Werlanne Santana.
Já com relação à circulação de
veículos nas praias, Werlanne
Santana acrescenta que o Instituto, órgãos gestores e a população
tem se mobilizado para conseguir implantar uma lei que proíba a entrada de carros nas praias,
como forma de minimizar os estragos ambientais, desde poluição
ao atropelamento de animais.