Weslley Gabriel tem seis anos, e nunca foi a escola. O garoto tem autismo clássico moderado, e pelo segundo ano seguido não consegue se matricular na rede pública de Teresina. “As escolas onde fui alegaram falta de suporte”, relata Marília Lopes da Silva, a mãe de Gabriel.
Marília e o filho moram no barro Piçarra, zona Sul de Teresina. Ela tentou matricular o filho a poucos quarteirões de casa, no Centro Municipal de Educação Infantil Tia Lígia. Mas Marília foi informada de que não haveria suporte para seu filho, e que não havia mais vagas para alunos especiais. A escola também não dispõe de uma sala de Atendimento Educacional Especializado, necessária para dar reforço na educação de crianças como Gabriel.
“Fico indignada, porque tanto não tem vaga para ele como também não estão nem providenciando”, desabafa Marília, que tem procurado outras escolas, mas até agora não sabe onde vai matricular o filho.
Para o desenvolvimento de garotos como Gabriel, a sociabilização é fundamental. Os autistas são muito centrados em si mesmos, num mundo que criam dentro da própria cabeça.
Marília e o filho Weslley Gabriel (Fotos: Arquivo pessoal)
A psicopedagoga Silvana Pires explica que a escola é de fundamental importância para o desenvolvimento dessas crianças: “As crianças em geral aprendem por imitação, mas para as crianças autistas isso é mais difícil. E se ela vive isolada, pior ainda”. Para ela, quanto mais cedo Gabriel tiver contato com outras crianças, melhor.
“Temos crianças que entram na escola assim que o autismo é detectado, até com dois, três anos de idade. No caso do Gabriel, que tem autismo moderado, ele tem muita oportunidade, mas sem a escola, pode acabar não se desenvolvendo. Como o apoio correto, eles podem ter uma vida normal, trabalhar, entrar na universidade.”, disse a psicopedagoga.
Segundo Silvana, as escolas têm a obrigação legal de não impedir a matrícula de alunos especiais, e de disponibilizar os Acompanhantes Terapêuticos para ajudar o desenvolvimento dessas crianças.
Secretaria
Em nota, a Secretária Municipal de Educação (SEMEC) afirma que todas as unidades de ensino da Rede Municipal de Teresina estão aptas a receber alunos com autismo ou qualquer necessidade especial. Os pais que encontrarem dificuldade no processo de matrícula, seja qual fora a causa, deve procurar a secretaria para garantir que a criança estude na escola mais próxima à sua residência.
Neste caso, a mãe deve procurar a Divisão de Educação Inclusiva da SEMEC.