Nesta quinta-feira (29), o governador do Piauí, Wellington Dias, afirmou que os governadores continuarão trabalhando para que a vacina Sputnik, desenvolvida pelo Instituto Gamaleya, na Rússia, seja aprovada no Brasil. Presidente do Consórcio Nordeste e coordenador da temática vacina no Fórum dos Governadores, Wellington Dias também destacou a busca por outras vacinas para ajudar no combate ao novo coronavírus.
O posicionamento do governador é em referência à negativa da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em aprovar a importação da vacina por estados brasileiros. Na última segunda-feira (26), os cinco diretores responsáveis por áreas técnicas da Anvisa apontaram que a vacina russa não conseguiu demonstrar a segurança e a eficácia necessárias para a aprovação. Para os votantes, há insuficiência de dados e risco à saúde por falha na fabricação do imunobiológico. Com a decisão, a Anvisa negou os pedidos de importação feito pelos estados do Piauí, Bahia, Acre, Rio Grande do Norte, Maranhão, Mato Grosso, Ceará, Sergipe, Pernambuco e Rondônia.
Foto: Divulgação/Ccom
“Nós, os governadores, temos responsabilidade com a vida e não vamos desistir de seguir trabalhando por mais vacinas e mais vacinação no Brasil com a utilização de todas as vacinas disponíveis. A Sputinik tem a chance de entrega de 37 milhões de doses já contratadas e ainda outros contratos em andamento e ela vem sendo usada em 62 países”, reforçou.
Na oportunidade, o gestor piauiense ressaltou toda a expertise dos cientistas envolvidos na produção desta vacina e na qualidade do instituto responsável pela fabricação do imunizante russo. “Por essa razão, agora, neste conflito que tivemos na liberação da licença de importação, continuaremos defendo a ciência. O Gamaleya é um instituto em funcionamento desde 1891. Apresentou a defesa de que é uma vacina segura, eficiente na imunização, não apenas na teoria mas, também, na prática e já está em uso para milhões de pessoas. Por essa razão, nós esperamos agilidade na liberação para que a vacina possa chegar no Brasil e salvar vidas”, destacou.
Ontem, o Instituto Gamaleya e o Fundo de Investimento Direto da Rússia, responsáveis pela produção da vacina Sputnik V, responderam os trinta pontos questionados na decisão da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), ao negar a importação de doses do imunizante. O documento contendo 55 páginas e com vários anexos foi encaminhado nessa quinta pelo Consórcio Nordeste, por meio da Procuradoria Geral da Bahia (PGE), ao presidente da Anvisa, Antônio Barra Torres.
Sobre o questionamento levantado pela Anvisa de que haveria na vacina a questão da replicação do adenovírus, ou seja, que ele poderia causar a doença, em vez de proteger dela quem fosse imunizado, o instituto diz que conduz estritos controles de qualidade de todos os locais de produção da Sputnik V.
“A qualidade e segurança da Sputnik V são, entre outras coisas, asseguradas pelo fato de que, ao contrário de outras vacinas, usa uma tecnologia de purificação com quatro estágios que inclui dois estágios de cromatografia e dois estágios de filtragem por fluxo tangencial. Essa tecnologia de purificação auxilia na obtenção de um produto altamente purificado que passa por controles de qualidade mandatórios, incluindo controle para RCA ou qualquer presença de aditivos. Controle para TCA é conduzido não apenas para o produto final, mas também para todos os estágios de produção, incluindo a semente viral”, diz o instituto russo na resposta à Anvisa.
A equipe da Sputnik V acredita que a tecnologia de purificação é a melhor dentre todas as vacinas e é um dos pilares para segurança da vacina. “Apenas os tipos E1 e E3 vetores adenovirais não replicantes, que são inofensivos para o corpo humano, são usados na produção da vacina Sputnik V”, diz o documento.
Já em resposta ao questionamento sobre a falta de informação na documentação sobre o risco de trombose o laboratório é enfático em dizer que “a análise aponta para zero casos de trombose cerebral entre adultos que receberam a vacina. Ao contrário de outras vacinas, nenhum caso de trombose venosa cerebral foi relatado na vacinação com a Sputnik V”
No documento, o laboratório diz haver provas incondicionais de eficácia e segurança da vacina são demonstradas pelos resultados da fase 3 do fundamental estudo clínico conduzido.
“Nós realizamos todos os testes necessários e relevantes para confirmar a segurança da vacina. A suficiência dos testes conduzidos é confirmada pela situação de registro da droga”, diz parte do documento.