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Poluição do ar mata na mesma proporção que a violência, diz ONU

Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), a poluição do ar pode matar tanto quanto a violência. No Brasil, em 2016, a cada 100 mil pessoas, 30 morreram devido a doenças respiratórias ocasionadas pela poluição do ar externa e interna (ambient e indoor pollution, respectivamente), o mesmo número da taxa de homicídios para o período. 

Em junho deste ano, constatou-se que 20% das famílias brasileiras utilizam lenha ou carvão para cozinhar. Fatores como desemprego e aumento do preço do gás de cozinha levaram a tal situação, que, além do social, é preocupante também devido seu potencial nocivo para a saúde respiratória das pessoas.

De 2016 a 2018, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad), houve aumento de 27% no número de famílias que utilizam estes combustíveis para cozinhar (de 11 milhões, em 2016, para 14 milhões, em 2018, um aumento de três milhões de famílias).


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Para o pneumologista Bráulio Dyego Martins Vieira, os danos da poluição para o corpo humano são inúmeros, sendo o principal prejuízo a morte. Em 2012, a Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou a existência de sete milhões de óbitos por ano relacionado à poluição, sendo esse um fator alarmante à saúde. 

“Novas pesquisas têm colocado a poluição como fator de risco para doenças cardiovasculares, acidente vascular cerebral, infarto agudo do miocárdio e até câncer. Os principais efeitos da poluição ocorrem no sistema respiratório, podendo causar aumento na mortalidade por doenças respiratórias, exacerbação de doenças respiratórias como a asma e o DPOC, aumento no número de infeções respiratórias e aumento da incidência de câncer de pulmão”, conta.

O especialista pontua que os principais poluentes liberados por veículos e indústrias são os óxidos de nitrogênio, compostos orgânicos voláteis, monóxido de carbono e dióxido de enxofre. Quando entram em contato com nosso organismo, essas substâncias provocam a liberação de radicais livres que, por sua vez, causam resposta inflamatória no nosso organismo.


Poluição do ar externa e interna interfere diretamente na saúde da população - Foto: Folhapress

Em países onde a poluição é muito intensa, como na Ásia, as pessoas costumam usar máscaras para amenizar os efeitos dos poluentes. De acordo com Bráulio Dyego Martins Vieira, um trabalho feito no Instituto do Coração de São Paulo (Incor) mostrou que o uso de máscaras com filtros respiratórios minimizava os efeitos da poluição em pacientes com doença cardíaca, então, podemos inferir que o uso de máscara pode trazer benefícios aos pacientes em geral.

Pessoas com problemas respiratórios tendem a ser mais vulneráveis à poluição e, por isso, necessitam de atenção redobrada. “Os portadores de doenças pulmonares, como os asmáticos e portadores de DPOC, estão no grupo mais vulnerável. Mas não somente estes, devemos lembrar que as crianças, idosos, diabéticos, cardiopatas também estão no grupo de pessoas mais vulneráveis à poluição”, enfatiza o pneumologista.

Cuidados

Para minimizar os efeitos da poluição, é preciso ficar atento a alguns cuidados. “Em primeiro lugar, devemos saber que a diminuição da poluição passa por políticas públicas que levem à diminuição da eliminação de gases poluentes. Em locais de grande poluição, recomendamos o uso de máscaras; manter portas e janelas fechadas; evitar fazer atividade física ao ar livre em períodos de grande poluição e usar umidificadores. Os cuidados devem ser redobrados nos grupos de risco, crianças, idosos, portadores de doenças crônicas e gestantes”, conclui Bráulio Dyego Martins Vieira.