O
Ministério Público Federal está investigando a venda de mais de 200 fósseis com
mais de 100 milhões de anos encontrados na Chapada do Araripe, região que abrange
os estados do Ceará, Pernambuco e Piauí, em um site dos Estados Unidos. A
investigação foi iniciada após a denúncia do paleontólogo e diretor do Museu de Paleontologia da
Universidade Federal do Piauí, o professor Juan Cisneros.
Foto: Reprodução
De acordo com o paleontólogo, a denúncia foi feita após ele encontrar, em um site especializado na venda ilegal de materiais pré-históricos, 214 fósseis de insetos da época dos dinossauros sendo comercializados por valores entre 80 e 3 mil dólares. O valor cobrado pelos contrabandistas é estipulado pela raridade do fóssil.
“O site informava que eles tinham sido encontrados na região de Crato, que é um município do Ceará, mas também é o nome do conjunto de rochas onde esses fósseis são encontrados, que também abrange o Piauí e Pernambuco. Então, eles podem estar vendendo fósseis do Piauí”, afirma o professor.
Foto: Reprodução
O site norte-americano alvo da denúncia possui milhares de fósseis à venda. Entre os itens comercializados estão fósseis de dinossauros, mamutes, megaladontes, peixes, répteis, insetos e até mesmo fragmentos de meteoritos. De acordo com o professor Juan Cisneros, ele não é o único a comercializar ilegalmente esses itens.
“Nessa venda em particular predominavam insetos, mas já vi muita venda de peixes e até de dinossauros. Todas as espécies extintas são de um valor que não tem como medir para a ciência e a história do Nordeste, do Brasil e do planeta. No passado era pior, havia menos fiscalização. Hoje em dia, a gente fica sabendo mais por causa das redes sociais. Temos mais possibilidade de saber se algo está sendo vendido e qualquer cidadão pode acionar o MPF, porque esses são fósseis da União, não é necessário ser paleontólogo para denunciar”, destaca.
A compra e venda de fósseis é considerada crime no Brasil e pode resultar em multa ou até prisão. Os fósseis são patrimônio da União e o tráfico desses materiais são proibidos pela legislação brasileira desde 1943. A legislação também prevê que a exportação de itens paleontológicos só pode ser feita para fins científicos, proibindo a exportação para fins comerciais.
“Já fiz, pelo menos, cinco denúncias. A primeira foi em 2012, quando estavam leiloando um pterossauro encontrado também na Chapada do Araripe, que não se sabe de onde saiu. Pode ter saído do Piauí. Esse leilão era parte de um leilão bem maior em que haviam mais de 1 mil fósseis à venda na França. Com a denúncia, o leilão foi suspenso e eles perderam muito dinheiro”, lembra o paleontólogo.