A Prefeitura de Teresina divulgou na manhã desta
quarta-feira (27) os resultados da sexta etapa da pesquisa sorológica da
Covid-19 realizada na capital ao longo do último final de semana. Os números
apontam uma curva exponencial de evolução da doença: a cidade possui pelo menos
49.998 pessoas infectadas pelo coronavírus, um número quase 40 vezes maior que
os 1.891 oficialmente notificados pelo poder público.
A pesquisa sorológica é realizada desde a segunda semana de abril aos finais de semana com uma média de 900 pessoas. Os números vislumbram a evolução da doença: na primeira etapa da pesquisa, a estimativa era de que Teresina tinha 4.843 pessoas contaminadas e nesta sexta etapa, esse índice saltou para mais de 49 mil. É como se a quantidade de casos de covid-19 em Teresina tivesse se multiplicado por 10 no intervalo de cinco semanas.
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Outro dado que a pesquisa sorológica aponta é que o R0 de Teresina, ou seja, o índice que mede o número de contágios médio por pessoa infectada, saiu de 1,60 na primeira etapa do estudo (início de abril) para 1,89 nesta sexta etapa. O R0 considerado ideal pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para se falar em reabertura das atividades econômicas, é de 1. Ou seja, Teresina, se encontra com um índice de contágio por pessoa que é quase o dobro do ideal para se discutir flexibilização dos decretos de quarentena.
Um dado que o prefeito Firmino Filho destacou é que Teresina possui atualmente 19.883 pessoas consideradas infectantes, ou seja, que estão em um estágio ativo da covid-19 e passíveis de contaminar outras pessoas. Para se ter uma ideia, no começo deste mês, a capital contabilizava cerca de 5.667 pessoas infectantes, ou seja, o número quase que triplicou em pouco mais de duas semanas.
“Basicamente, a nossa capacidade de distinguir as pessoas infectadas imunes, as que estão prestes a ficar imune e as que ainda são infectantes é um dado relevante, porque nos dá uma ideia de quantos teresinenses estão ativos para a doença. Mostra a nossa capacidade de entender a covid em Teresina e traças medidas estratégicas para freá-la” - Firmino Filho, prefeito de Teresina.
Em contrapartida, dos quase 50 mil infectados que a pesquisa sorológica detectou, quase 30 mil já estão imunes ou em um estágio da doença em que ela não pode mais ser transmitida: são 5.667 pessoas já imunizadas após terem contraído a doença, e 23.661 em estágio final do contágio, de modo que a covid já não é mais transmissível.
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Doença se espalha pela Capital
A sexta etapa da pesquisa sorológica mostrou ainda como está a distribuição da covid-19 em Teresina. Os dados apontam que a pandemia na capital começou pela zona Leste, se alastrou para a zona Sudeste, depois chegou à zona Sul e, por fim, atingiu a zona Norte. Na zona Norte, por exemplo, há 35% do total de casos positivos da doença e o que chama atenção é que este índice é maior que a densidade demográfica da região, que é de 29%. O mesmo padrão foi observado na zona Sudeste, que tem 23% dos casos positivados do coronavírus e concentra 18% da população de Teresina.
Idade dos infectados
Em relação à idade, 22% dos infectados possuem de zero a 14 anos de idade e esta faixa etária corresponde a apenas 11% do total da população da capital. As populações mais jovens, de 15 a 34 anos, que no começo concentravam uma maior quantidade de casos positivos, hoje já apresentam uma queda. Em contrapartida, a população entre 35 e 69 anos teve um aumento considerável nas confirmações de covid-19: 18% dos infectados têm entre 35 a 44 anos; 16% têm de 45 a 54 anos; e 15% têm de 55 a 69 anos).
A população acima de 70 anos também é ouro público que vem inspirado cuidados do poder público: é que pelos dados da pesquisa sorológica, esta faia etária corresponde a apenas 3% da população teresinense, mas representa 5% dos casos positivados para a covid-19. Vale lembrar que, pela idade, este público é considerado público de risco.
Já no que respeita à ocupação profissionais dos infectados de Teresina, a maior taxa de contaminação está justamente entre os profissionais liberais e autônomos, que representam 25% dos casos positivos e apenas 21% da população da cidade. Os aposentados, estudantes e trabalhadores domésticos, que passam a maior parte do tempo dentro de casa, são aqueles com a menor taxa de contaminação: representam 41% da população de Teresina e respondem por 32% dos casos positivados.
Fatores de risco
A pesquisa sorológica também traz dados relativos aos aspectos epidemiológicos da covid-19, como os fatores de risco e as manifestações de sintomas. Em 25% dos casos, a pressão alta é o principal fator de risco, sendo seguida da obesidade, 14%, e do diabetes, com 13%. Já com relação aos sintomas, a grande maioria dos testados positivos relataram perda de olfato e/ou do paladar (56% dos casos), 55% relataram dor de cabeça e 51% relataram sentir febre. A falta de ar, sintoma mais grave da covid-19 e sinal de alerta para que o paciente procure atendimento médico, foi citada em 20% dos casos positivos.