O crescimento de casos de uma doença respiratória em diversos estados dos Estados Unidos, ainda sem esclarecimento definitivo, tem chamado atenção de médicos e de órgãos da Saúde. Estudos apontam que há fortes indícios de que as doenças estariam relacionadas ao uso de cigarros eletrônicos e que já foram registrados mais de 450 casos, muitos deles graves e alguns evoluindo para o óbito, a grande parte envolvendo pessoas que usaram tais vaporizadores.
A Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (ABPT) chegou a emitir uma Carta Aberta lembrando sobre os riscos dos cigarros eletrônicos, destacando, inclusive, que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) alerta que a comercialização do dispositivo eletrônico é proibida no Brasil, justamente por sua segurança e eficácia, com relação à cessação do tabagismo convencional, não terem sido suficientemente estudadas.
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O pneumologista Bráulio Dyego Martins Vieira pontua que, as pessoas que desejam parar de fumar cigarro convencional estão migrando para os cigarros eletrônicos acreditando ser uma alterativa menos prejudicial à saúde. Contudo, ainda não há estudos que comprovem essa eficácia, mas os casos de problemas relacionados ao uso do dispositivo têm aumentado.
“O uso de cigarros eletrônicos aponta várias complicações. Muita gente acha que pode substituir o cigarro normal pelos eletrônicos por ser mais vantajoso. Mas é bom lembrar que esses cigarros eletrônicos são proibidos pela Anvisa aqui no Brasil. Eles estão sendo difundidos muito rápido, principalmente em bares, e as pessoas acham que ele tem um risco bem menor que o cigarro”, conta.
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O especialista enfatiza que diversas doenças pulmonares foram identificadas em pessoas que fazem uso do cigarro eletrônico, divido às substâncias encontradas em sua composição. Os casos e os prejuízos à saúde ainda estão sendo estudados e analisados, entretanto, Bráulio Vieira alerta que é preciso evitar o uso esse dispositivo.
Substância desconhecidas
A gravidade do surto levou as autoridades sanitárias dos Estados Unidos, como a FDA, CDC e vários centros universitários, a se unirem para estudar quais produtos foram utilizados; como foram obtidos e que substâncias continham. A revista científica New England Journal of Medicine publicou dois artigos e um editorial sobre este assunto em seu mais recente exemplar.
Segundo os artigos, substâncias que podem estar no vapor destes dispositivos estão sendo estudadas, como vários agentes e óleos diluidores, aditivos, pesticidas, opioides, venenos, metais pesados, toxinas. O uso de vaporizadores para inalar maconha e outros canabinoides tem sido admitido por muitos pacientes. Para inalação desta substância, é necessário que seja emulsionada em algum tipo de óleo, geralmente acetato de vitamina E, podendo então explicar o achado de macrófagos com inclusões lipoídicas nestes pacientes.