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Caso Anael e Luian: defesa de João Paulo e Guilherme pedem liberdade provisória dos réus

O empresário João Paulo de Carvalho Gonçalves Rodrigues (36) e o advogado Guilherme de Carvalho Gonçalves (37), acusados de assassinar os adolescentes Anael Natan Colins, de 17 anos, e Luian Ribeiro de Oliveira, de 16 anos, foram ouvidos nesta sexta-feira (05) em audiência de instrução e julgamento. No término, a defesa requereu a revogação da prisão preventiva dos réus e diligências complementares do laudo escrito. O servidor público Francisco das Chagas Gonçalves, pai de Guilherme, não compareceu à audiência. 

A audiência de instrução e julgamento ocorreu nos dias 4 e 5 de agosto deste ano e foram realizadas no Tribunal de Justiça do Piauí (TJ-PI), 1ª Vara do Tribunal Popular do Júri de Teresina, no Fórum Cível e Criminal Desembargador Joaquim de Souza Neto, em Teresina. 


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Na audiência de ontem, quando foram ouvidas 12 testemunhas. Nesta sexta, o primeiro a ser ouvido foi o segurança da casa de show onde ocorreu a festa para onde teriam ido os adolescentes. O segurança relatou o que ocorreu no dia em que Luian e Anael foram mortos. Segundo ele, os jovens tentaram entrar no estabelecimento, mas seus nomes não estavam na lista. Eles foram informados de que deveriam pagar uma entrada de R$ 70, mas recusaram.

(Foto: Assis Fernandes/ODIA)

De acordo com o segurança, os Anael e Luian decidiram então pular o muro do imóvel. A testemunha relatou ter ouvido uma gritaria, durante uma confusão, mas sem barulho de tiros. Somente no dia seguinte, por meio da imprensa, ele soube que os adolescentes tinham sido assassinados.

Além do segurança, outros dois menores e os réus deverão ser ouvidos ainda hoje. Nesse primeiro momento, o juiz Antônio Reis Nolêto irá ouvir todos os envolvidos no caso. Em seguida, o magistrado dará um prazo para a defesa e o Ministério Público apresentarem as alegações finais. Passado esse prazo, o juiz irá decidir se os acusados serão julgados pelo Tribunal do Júri.

(Foto: Arquivo ODIA)


Depoimento de João Paulo de Carvalho

João Paulo de Carvalho foi o primeiro a depor. Ele relatou como ocorreu a dinâmica no dia do crime. Citou que não conhecia as vítimas (Anael e Luian) e que os viu pela primeira vez na casa de Guilherme, quando alega que os adolescentes teriam invadido o imóvel. O empresário relatou que chegou a ligar para o telefone da viatura pedindo auxílio, mas que o veículo policial não apareceu no imóvel. Quando chegou ao local, ele relata que os jovens já tinham sido mobilizados pelo primo, Guilherme, e pelo tio, Francisco. 

Os jovens teriam sido colocados na carroceria do veículo de João Paulo, e, em companhia de Guilherme, informaram à família que levariam os adolescentes para a Central de Flagrantes. Porém, no meio do caminho, seguiram em direção a uma estrada vicinal no povoado Anajás. A justificativa, de acordo com o empresário, era “dar um susto nesses meninos. Abandoná-los na estrada para que eles tivessem tempo para pensar [no que fizeram]”.

Lá, Anael e Luian teriam sido retirados do veículo, e, segundo João Paulo, no momento que soltava um dos garotos, Guilherme efetuou um disparo contra um dos jovens. João teria se abaixado, quando ouviu o segundo tiro. Os disparos acertaram a nuca dos adolescentes. 

Após o crime, os dois seguiram em direção à Ponte da Primavera, deixando os dois corpos no local. João Paulo conta que Guilherme se desfez da arma. Os dois seguiram para a residência de Guilherme e não relataram aos familiares o que houve. Somente no dia seguinte, quando ouviram nos noticiários que dois jovens tinham sido encontrados mortos, eles decidiram contar sobre o crime à família. 

“A gente pensa que muita coisa poderia ser diferente. As coisas mudam rápido. Nunca tive a intenção de fazer nada a ninguém. Mudou tudo na minha vida. Fico pensando no ‘e se.. se eu não tivesse ido?’. Se meu primo não tivesse me defendido, eu poderia ter sido uma vítima. Eu não invadi a casa de ninguém”, disse João Paulo.


Depoimento de Guilherme de Carvalho Gonçalves

Já em seu depoimento, Guilherme de Carvalho Gonçalves conta que os dois jovens teriam pulado o muro de sua residência e que seu pai, Francisco das Chagas Gonçalves, ao observar uma movimentação estranha no quintal do imóvel, saiu para averiguar. Neste momento, ele teria ouvido gritos e, ao correr ao encontro do pai, o viu sendo espancado pelos adolescentes. Ao gritar que estava armado e pedir que os jovens parassem com as agressões, os adolescentes foram imobilizados. Foi neste momento que João Paulo chegou à residência.

Enquanto estavam mobilizados, segundo Guilherme, Anael e Luian teriam gritado que eram menores de idade e filhos de policiais. O advogado conta que ele e João Paulo iram abandonar os adolescentes em uma estrada vicinal para que eles “refletissem” sobre suas ações, por “bater em um idoso e invadir a propriedade”, disse.

Chegando ao local, Guilherme conta que um dos adolescentes teria conseguido se soltar e corrido em direção à João Paulo para agredi-lo. Para defender o primo, Guilherme teria disparado contra o jovem. O outro adolescente também teria corrido em direção à João Paulo e também foi alvejado com um tiro. Apesar de nunca ter feito curso de tiro, Guilherme atingiu os dois jovens com um disparo na cabeça.

Sobre a arma de João Paulo, uma pistola 9 mm, Guilherme conta que “perguntei se ele estava armado e ele disse que estava no porta-luvas. Eu peguei para me defender. Se eles [Anael e Luian] foram agressivos com meu pai, poderiam ser com a gente. Nunca tive a intenção de tirar a vida deles, era só para eles refletirem, e aconteceu essa tragédia”, disse o advogado Guilherme de Carvalho.


Entenda o caso

Luian Ribeiro de Oliveira e Anael Natan Colin Souza da Silva desapareceram na madrugada do dia 13 de novembro, após tentarem ingressar em uma festa em estabelecimento localizado na Av. João XXIII. Segundo a investigação, os dois jovens teriam invadido um terreno de propriedade dos suspeitos, o que teria motivado o crime.

(Foto: Reprodução/redes sociais)

De acordo com o Ministério Público, as duas vítimas foram dominadas e agredidas, e depois conduzidas na caçamba de um veículo até uma área de matagal onde os cadáveres foram encontrados, dois dias depois, em 15 de novembro. Luian e Anael foram encontrados em terreno de mata densa, na estrada vicinal do Povoado Anajá, zona rural leste de Teresina. Os dois tinham lesões causadas por arma de fogo na nuca.