O empresário Pablo Henrique Campos Santos, que atropelou a namorada e uma amiga dela na saída de uma festa na manhã de ontem (29) permaneceu calado durante toda a tomada de depoimento na Central de Flagrantes. A informação foi repassada pela delegada Anamelka Cadena, subsecretária de Segurança do Estado.
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De acordo com ela, Pablo usou do seu direito constitucional de permanecer em silêncio e se absteve de dar qualquer informação ou relato sobre o acontecido à autoridade policial. Ele foi preso momentos depois do crime, enquanto dormia em sua residência. No momento de sua captura, Pablo Henrique teria alegado aos militares que estava sob efeito de álcool quando teria atropelado Anucha Leite de Alencar e Vanessa Carvalho.
Vanessa (de branco) não resistiu aos ferimentos e veio a óbito. Anucha (de preto) ficou ferida e foi levada para o HUT - Foto: Divulgação/PM-PI
Apesar de ter se mantido em silêncio, o empresário foi autuado em flagrante por feminicídio consumado contra Vanessa, que morreu no local; e por feminicídio tentado contra Anucha, que foi levada ferida para o Hospital de Urgência de Teresina (HUT).
Pablo Henrique Campos foi preso em casa enquanto dormia - Foto: Divulgação/PM-PI
"Ficou claro, pelos discursos colhidos e pela perícia técnica feita no local, que ele agiu propositalmente e jogou o carro para cima das vítimas para atingir a namorada, a Anucha. No entanto, houve um erro na execução planejada do crime e ele acabou tirando a vida da amiga dela. Isso foi suficiente para configurar um feminicídio e uma tentativa de feminicídio", explica a delegada.
Anamelka acrescenta ainda que os discursos das testemunhas e de pessoas que conviviam com Pablo Henrique e Anucha convergem para um mesmo ponto: ele mantinha com ela um relacionamento abusivo e já tinha um histórico de discussões com a vítima.
A delegada Anamelka Cadena, subsecretária de Segurança, deu detalhes do depoimento de Pablo Henrique Campos - Foto: O Dia
"Vemos isso em praticamente todos os casos de feminicídio ou de tentativa de feminicídio: o crime pela posse, pelo controle do corpo e da personalidade da mulher, a não-aceitação do feminino. São características que se manifestam no seio familiar e configuram aquilo a que a gente chama de feminicídio em âmbito íntimo", esclarece.
Anamelka pontua que é importante que as pessoas denunciem situações como esta para que a polícia possa agir antes de a violência doméstica culmine em um um ato trágico, como o feminicídio.
"Nós temos canais de comunicação que permitem fazer a denúncia sem que a pessoa se identifique. Temos o 180, o aplicativo Salve Maria, o próprio 190 da Polícia Militar. Nós precisamos é que as pessoas não se calem quando se depararem com uma situação dessas", finaliza Anamelka.
Empresário passará por audiência de custódia
Como é praxe após uma prisão em flagrante, o empresário Palblo Henrique Campos será levado a um juiz na manhã de hoje (30) para ser ouvido em audiência de custódia. Na ocasião, o magistrado ouvirá os detalhes e as cinrcunstância de sua prisão e avaliará se ele continuará detido ou se poderá ser liberado.
Para a delegada Anamelka Cadena, as provas materiais e relatos colhidos atestam a autoria do crime e isso é suficiente para manter Pablo Henrique preso.
A audiência de custódia está prevista para acontecer às 10 horas no Fórum Criminal de Teresina.