O lobista Halysson Carvalho Silva, preso na última segunda-feira (27) pela Polícia Federal na Operação Zelotes, foi diretor de unidade administrativa financeira da Fundação Cultural do Piauí na atual gestão do governador Wellington Dias (PT).
A nomeação de Halysson foi publicada no Diário Oficial do Estado em março de 2015, com efeitos retroativos a fevereiro, e sua exoneração ocorreu em junho.
Desde 2012, o lobista já havia sido condenado pela Justiça Federal, numa ação penal em que fora acusado de furto qualificado contra os Correios. Mesmo assim, ele conseguiu a nomeação para o órgão estadual.
A primeira etapa da Operação Zelotes foi deflagrada em março deste ano, e investiga um dos maiores esquemas de sonegação fiscal já descobertos no país.
Segundo a PF, a quadrilha atuava junto ao Conselho Administrativo de Recursos Federais (Carf), órgão vinculado ao Ministério da Fazenda.
Após serem multadas pelo Carf por cometerem irregularidades tributárias, algumas empresas eram procuradas por escritórios e consultorias ligadas a lobistas, que cobravam propinas para reverter as decisões do Conselho.
Na nova etapa da Operação Zelotes, deflagrada esta semana, a Polícia Federal investiga também se integrantes da quadrilha teriam influenciado na edição de medidas provisórias que beneficiaram montadoras de veículos e multinacionais brasileiras.
Editadas pelo próprio presidente da República, as chamadas MPs têm força de lei e entram em vigor imediatamente após sua edição.
A Coordenadoria de Comunicação do Governo do Piauí informou que não vai se manifestar a respeito da prisão de Halysson Carvalho porque ele não está mais no Governo e as acusações que o levaram à prisão não estão relacionadas à sua passagem pela Fundac.
A CCom ressalta, ainda, que Halysson Carvalho foi indicado para a diretoria da Fundac pelo deputado Francis Lopes (PRP).
Em pronunciamento realizado na sessão desta terça-feira na Assembleia Legislativa, o parlamentar admitiu ter sido o responsável pela indicação do lobista para a diretoria da Fundac, e disse que tomou tal decisão porque percebeu o quanto Halysson era influente em Brasília e, por essa razão, poderia conseguir mais recursos para o Piauí.
Durante a nova etapa da operação, deflagrada na segunda-feira, os policiais federais cumpriram um mandado de busca e apreensão na empresa LFT Marketing Esportivo, que pertence a Luís Claudio Lula da Silva, filho do ex-presidente do PT.
Conforme as investigações, a companhia teria recebido dinheiro de uma empresa comandada por lobistas que influenciaram na aprovação da medida provisória por meio da qual o Governo Federal prorrogou a isenção do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para a indústria automobilística.
Também é investigado na Operação Zelotes o ministro Augusto Nardes, do Tribunal de Contas da União, que foi o relator das contas da presidente Dilma Rousseff (PT), reprovadas por unanimidade durante julgamento realizado no dia 7 de outubro deste ano.
No Piauí, além do mandado de prisão contra Halysson, a PF cumpriu um mandado de busca e dois mandados de condução coercitiva.