O impasse envolvendo a prisão de uma candidata do Enem pode não ter
chegado ao fim, mesmo com a sua soltura durante audiência de custódia na última
segunda-feira (25). Isso porque, segundo o delegado Willame Moraes, coordenador da Divisão de Capturas (DICAP),
o Sistema Córtex, do Ministério da Justiça, continua a apontar, de forma
equivocada, que a mulher possui pendências com a Justiça.
Foto: Divulgação/SSP
De acordo com ele, o CPF da mulher detida por engano continua no banco de dados do Ministério da Justiça, podendo levar a uma nova prisão. O sistema é utilizado pelas forças policiais e de inteligência do país, como a Polícia Federal e a Polícia Rodoviária Federal.
Foto: Eliezer Rodrigues/O Dia
“O mandado de prisão continua em aberto. Se a gente entrar agora nesse sistema do Ministério da Justiça, vai estar o mandado de prisão e ela pode ser presa novamente. Ela tem todo o direito de entrar contra a União, contra o Estado. Agora temos que saber quem foi o responsável por inserir esses dados dela no Ministério da Justiça”, afirma.
O titular da Dicap, delegaco Willame Morais, explica que, durante a prisão, os policiais constataram que o mandado de prisão não informava os dados pessoais como CPF, RG e data de nascimento e verificaram que o nome do pai divergia daquele informado no documento de identificação apresentado pela candidata. No entanto, ao consultarem o banco de dados do Ministério da Justiça, confirmaram que o CPF da candidata possuía mandados de prisão em aberto.
Foto: Divulgação/SSP
“Nesse banco de dados está o nome dela e o CPF dela, que coincide com o CPF apresentado por ela, mas diverge o nome do pai. Só que a carteira de identidade dela é do Estado do Piauí e é recente, poderia ter um erro no nome do pai, mas o CPF que identifica a pessoa não estava errado. Em razão disso, não tinha outra atitude a ser tomada a não ser encaminhar a pessoa até uma unidade policial, que foi a Central de Flagrantes. Lá foi refeita a checagem e os dados eram exatamente os dados que ela apresentava na carteira de identidade, em razão disso foi dada voz de prisão”, esclarece.
Durante a audiência de custódia, a Central de Inquéritos da Comarca de Teresina, conseguiu confirmar junto ao Tribunal de Justiça do Ceará que os dados da pessoa que era, de fato, o alvo da prisão, eram diferentes. Por isso, a mulher foi posta em liberdade.
A reportagem do O DIA entrou em contato com a Polícia Federal, responsável por encaminhar as informações sobre as pessoas que deveriam ser detidas durante a operação no Enem, mas até o momento não obteve retorno. O Ministério da Justiça também foi procurado para esclarecer os motivos que levam o CPF da candidata a constarem no banco de dados do órgão, mas até a publicação deste material não obteve resposta. O O Dia reitera que o espaço continua aberto a quaisquer esclarecimentos sobre o fato.