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PMs passavam informações privilegiadas a traficantes e sabotavam ações

Os dois militares presos na manhã desta sexta-feira (29) durante a sétima fase da Operação Largitio eram responsáveis por repassar informações privilegiadas aos traficantes sobre operações planejadas pela polícia e sabotar as ações das forças de segurança. A informação foi repassada pelo delegado Odilo Sena, titular do 21º DP, onde corre o inquérito.


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De acordo com ele, os dois policiais são cabos da PM e praticavam as ações criminosas fardados. Eles mantinham “uma relação de amor e ódio” com criminosos que agiam na área do 8º BPM. Essa suspeita de que os traficantes e assaltantes estariam tendo acesso a informações de dentro da polícia surgiu a partir do momento em que as ações planejadas pelas forças da segurança começaram a apresentar falhas. 

“Percebemos que todas as prisões e formas de atuação dos criminosos tinham a mesma ligação e a mesma forma de atuação. Então a gente começou a notar que tinha policial envolvido, só não sabíamos quem. Ouvimos alguns usuários a respeito de alguns policiais, tanto militares quanto civis, com envolvimento, recebendo propina ou mesmo extorquindo dos traficantes”, explica.


Major Wilton e o delegado Odilo Sena, coordenadores da Operação - Foto: Nathalia Amaral/O Dia

Segundo Odilo Sena, também estão sendo investigados, além dos dois militares, três policiais civis por envolvimento no esquema. O delegado acrescenta ainda que muitas vezes os PMs tomavam para si objetos de roubo apreendido com assaltantes. “Muitas vezes cidadãos comuns eram roubados, eles abordavam esses criminosos, ou até na própria boca de fumo deles, e esses equipamentos era arrecadado [apreendido e apropriado] por estes policiais que não prestavam contas junto ao batalhão”, disse Odilo Sena.

Outro ponto que chama a atenção no modo de atuação dos militares é que eles, muitas vezes, também constrangiam os traficantes a agirem em favor deles, ameaçando prende-los não fizesse o que lhe era ordenado. O coordenador do 21º DP classificou isto como um “ciclo vicioso”. “Eles agiam em favor do tráfico. Há casos de armas apreendidas em operações que eram colocadas de novo em favor do crime. Nos expunha como policial, porque trabalhamos com esses policiais por muitos anos”, finaliza o delegado.

O delegado destaca ainda que há indícios de que os militares agiam em favor de outros traficantes, fechando bocas de fumo para passar o domínio do território para os rivais. A Polícia suspeita também do envolvimento dos militares em pelo menos dois homicídios, mas não revelou maiores detalhes sobre estes crimes. 

Entre os crimes já levantados pela Polícia Civil estão extorsão, associação criminosa para o tráfico de drogas, tráfico de drogas e peculato.

Quem também se pronunciou a respeito da ação foi o coordenador do 8º BPM, major Wilton. De acordo com ele, os cabos tinham mais de 20 anos de serviços prestados à Polícia Militar e as ações criminosas eram de conhecimento dos próprios colegas de farda. 

"Já existia a convicção por parte de policias do 8º Batalhão sobre essa prática de crime deles. Eles sempre tiravam serviço juntos e quando eu tentei separá-los, colocar outros policiais militares, os policiais do batalhão se recusavam a prestar serviço com eles na viatura com medo de acontecer alguma coisa e a dupla ou o trio serem penalizadas", revelou.

De acordo com o major, os próprios traficantes interrogados revelaram que tinham acesso a informações restritas sobre operações que ocorriam na região. "No meu gabinete tem um quadro para minhas anotações diárias e o delegado me perguntou se eu tinha um quadro branco que tinha conseguido recentemente. Ele copiou isso de um local de tráfico. As anotações que eu fazia no meu gabinete eram compartilhadas com traficantes", disse o comandante do 8º BPM, major Wilton Sousa.

Os policiais militares presos estão sob custódia da Corregedoria da Polícia Militar e poderão ser expulsos dos quadros da corporação. As Polícia Civil e Militar não quiseram revelar as identidades dos militares presos.