Nesta quarta-feira (29) completam dois anos do assassinato da jovem Vanessa Carvalho em Teresina. Ela foi atropelada na saída de uma festa na zona Leste da capital quando estava acompanhada da amiga, Anucha Kelly, que ficou gravemente ferida. O crime foi praticado pelo então namorado de Anucha, Pablo Henrique Campos Santos, que fugiu do local sem prestar socorro e foi preso em flagrante, horas depois.
Desde então, Pablo segue detido em uma penitenciária de Teresina enquanto aguarda o julgamento do processo. O problema é que dois anos depois do crime, a justiça ainda não deu uma data para que o réu vá a júri popular e essa demora do Judiciário causa revolta e indignação na família das vítimas.
Para chamar a atenção para a situação e cobrar o andamento do processo, amigos e familiares de Vanessa Carvalho vão se reunir na manhã desta quarta-feira (29) para protestar em frente ao Tribunal de Justiça do Piauí. Além do protesto, circula pela rede uma petição online criada pelo movimento As Vozes de Vanessa através da qual a família clama à justiça a marcação do julgamento de Pablo Campos.
À esquerda, Vanessa Carvalho; à direita, Anucha Kelly. As duas foram atropeladas por Pablo Campos e uma perdeu a vida - Foto: Reprodução/Instagram
O Portalodia.com conversou com a coordenadora do movimento, que falou um pouco sobre a angústia em que vive a família de Vanessa ante a indefinição do caso.
“Todos os meses ele [Pablo] entra com um recurso novo e daí, por conta do trâmite legal, não se pode marcar a data do júri popular. Nós queremos saber até quando ele vai poder ficar entrando com recurso para ser solto se já foram todos negados até aqui. Cada pedido que a defesa dele faz é uma estratégia para ganhar tempo e isso só vai prolongando o sofrimento da família”, afirma Iluska Cristine, que coordena o movimento Vozes de Vanessa.
Pablo Campos já teve recurso negado no STJ para o relaxamento de sua prisão - Foto: Divulgação/Polícia Militar
Além da marcação da data do julgamento de Pablo, os amigos e familiares de Vanessa pedem também que ele seja condenado com a pena máxima para crimes de feminicídio. Iluska explica que, analisando-se os últimos julgamentos de réus por este tipo de crime, a justiça do Piauí tem “tabelado” as penas em 15 a 17 anos de condenação. Ela cita como exemplo o caso de Allison Wattson Nascimento, que foi condenado a 13 anos de prisão pelo assassinado de Camilla Abreu em Teresina.
O protesto também tem a finalidade de chamar a atenção para a crescente dos casos de feminicídio que o Piauí vem vivendo ao longo dos últimos anos. O movimento As Vozes de Vanessa contempla também outras vítimas da violência e vem como uma forma de conscientização para a necessidade de não se calar e denunciar casos de agressão e violência contra a mulher que têm no feminicídio seu estágio fina.
“É preciso que a sociedade comece a sentir e fazer parte do movimento contra qualquer tipo de violência contra a mulher. É preciso explicar para as pessoas o que é um feminicídio e como funciona um julgamento desse crime até para que a sociedade compreenda o papel dela nessa situação. Esperamos poder ajudar outras vítimas atuando com a assistência jurídica, social e psicológica e trabalhando para conscientizar a mulher que, muitas vezes, não tem nem noção de que aquela prática contra ela é uma violência”, finaliza Iluska.
O protesto da família de Vanessa Carvalho está marcado para acontecer às 07h30 desta quarta (29) em frente ao Tribunal de Justiça do Piauí.