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Cobrador de ônibus trabalha de entregador para ter uma renda em Teresina

Há oito meses sem receber salário, o cobrador de ônibus Oswaldo Gomes está sobrevivendo das diárias que recebe para trabalhar como entregador de uma pizzaria em Teresina. A situação dele é uma amostra da condição em que se encontram vários outros trabalhadores do transporte público da capital, que estão sem ter um meio próprio de sustento ou dependendo da ajuda de terceiros para poder manter a si e às suas famílias.


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Em conversa com o Portalodia.com, Oswaldo conta que desde março deste ano não exerce função como cobrador no transporte público porque a empresa na qual trabalhava fechou as portas de sua garagem. A Emtracol, viação na qual ele prestava serviço, opera na zona Sudeste de Teresina pelo Consórcio Therezina – faixa azul – tem funcionado com uma escala reduzida de funcionários e frota.

“Ela tinha uns 315 funcionários no turno geral com o setor pessoal. Hoje ela tem 140 funcionários, mas não estão trabalhando porque estão esperando o resultado da negociação dos empresários e da Prefeitura”, explicou Oswaldo. Ele conta que deixou de prestar seus serviços à Emtracol quando a empresa mudou o regime de pagamento de seus funcionários do assalariado com carteira de trabalho para o recebimento de diárias de acordo com as horas trabalhadas. 


Oswaldo Gomes é cobrador de ônibus, mas está trabalhando como entregador de uma pizzaria para ter um sustento - Foto: Assis Fernandes/O Dia

Em lugar de atuar no transporte público, profissão na qual possui vínculo celetista, Oswaldo está recebendo R$ 40 de diária de um conhecido que o contratou para trabalhar como entregador em sua pizzaria. 

“Hoje é muito difícil para nós do transporte urbano, tem colegas passando necessidade, muitos deles passando fome e não é pra ser assim. Estamos lutando com isso há um ano e meio e de dezembro pra cá, disseram que não tinha mais condição de pagar salário nenhum. Desde então, vêm prometendo pagar e nunca pagam”, diz Oswaldo.

O cobrador de ônibus pediu a compreensão da população com as paralisações feitas pelos trabalhadores do transporte coletivo de Teresina e destacou que estas são estratégias que a categoria tem para tentar melhorar sua situação salarial e “deixar de viver da ajuda dos outros”. 

“Eu não quero que ninguém passe por isso, porque a gente viver de cesta básica, viver do outro é horrível. O usuário tem que ver a situação do ônibus que ele está pagando pra pegar. Muitos criticam, mas não é o trabalhador o culpado”, finaliza Oswaldo.