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Carros de coleta de lixo não voltam às ruas em Teresina mesmo após acordo com Prefeitura

A paralisação dos trabalhadores do serviço de coleta de lixo de Teresina chegou ao fim nesta quarta-feira (12) após reunião entre a Prefeitura e os trabalhadores. No entanto, o recolhimento do lixo na capital não deve ser regularizado de imediato. Isso porque, segundo a Prefeitura, a empresa que opera o setor ainda não liberou os caminhões de coleta para que os trabalhadores retornassem às atividades.


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A informação foi confirmada pelo presidente do Sindicato dos Empregados de Asseio e Conservação do Estado do Piauí (CEACEPI), Jônatas Miranda. Ele disse desconhecer porque a empresa que opera o Consórcio Teresina Ambiental (CTA) não colocou ainda os caminhões de lixo na rua mesmo com a homologação do acordo entre Prefeitura e trabalhadores. A reportagem do Portalodia.com tentou contato com a Litucera, empresa que atua no setor, mas até o momento não conseguiu retorno. Por meio de nota, a Prefeitura informou que está buscando alternativas para o impasse e que uma das saídas seria usar os caminhões das Superintendência de Ações Administrativas Descentralizadas (SAADs). 

De acordo com Jônatas Miranda, o acordo firmado com a Prefeitura prevê o pagamento de salários de março que estão em atraso e do vale-alimentação concedido aos trabalhadores. A previsão é que até a próxima sexta-feira (14), essas pendências sejam resolvidas. “A Prefeitura vai fazer o depósito em juízo acompanhada pelo Ministério Público do Trabalho. Vamos solicitar da empresa a folha de pagamento dos funcionários e a justiça vai acompanhar esse pagamento junto com o sindicato e o Tribunal Regional do Trabalho”, explicou o presidente do CEACEPI.


Foto ilustrativa: Assis Fernandes/O Dia

A categoria se reunirá ainda nesta manhã (12) para ser oficialmente comunicada do acordo e tratar sobre o retorno às atividades. Teresina conta atualmente com cerca de 2 mil funcionários atuando no setor de coleta de lixo, varrição e capina de vias públicas. Cada um deles recebe em média R$ 1.500 de remuneração mensal. Esse salário é pago pela empresa que opera o CTA com os recursos repassados pela Prefeitura pela concessão do serviço. 

Conforme informou a PMT em nota, em 2023, a empresa já recebeu o equivalente a R$ 48 milhões do Município. Esse recurso é empregado não só no pagamento dos trabalhadores, como também no aluguel e combustível dos veículos que compõem a frota de coleta de lixo e limpeza urbana. 

Capital está há três dias sem coleta de lixo

Diante da paralisação dos trabalhadores da coleta de lixo e limpeza urbana, o teresinense passou a conviver com lixo acumulado nas calçadas nos últimos dias. Esse volume de lixo é ainda maior em locais de comércio e de aglomeração de pessoas. No Mercado do Mafuá, por exemplo, os a lixeira que recebe os resíduos das bancas e comércios no entorno chegou a transbordar com os rejeitos se espalhando pela calçada, acumulando lama, chorume e causando mau-cheiro.


Foto: Assis Fernandes/O Dia

Esse mau-cheiro é o que mais tem incomodado os permissionários, sobretudo porque impacta negativamente nas vendas. É o que comenta a permissionária Ana Quaresma. Dona de uma venda de frangos na porta do Mercado do Mafuá, ela conta que metade dos produtos que costuma vender todos os dias tem ficado parada em razão da redução na procura.


Foto: Assis Fernandes/O Dia

“Ninguém quer vir comprar nada em um lugar com mau-cheiro e sujo. Os clientes fogem, não aparecem e a gente vende menos. Se vende menos, lucra menos. Eu não tenho feito nem metade do que costumo fazer diariamente, sem contar a insalubridade que é a gente ter que trabalhar do lado de um lixão. Porque essa lixeira virou um lixão com resto de produto e sobras escorrendo pela calçada e se transformando em lama. E é só juntando mais, porque o mercado não pode parar”, desabafa Ana.


Ana Quaresma disse que o mau-cheiro tem afastado os clientes - Foto: Assis Fernandes/O Dia

O senhor Elivan Rodrigues de Matos, que trabalha junto aos permissionários justamente recolhendo o lixo das bancas e levando para a lixeira do mercado, lembra que os resíduos acumulados causam inclusive doenças e são um risco para quem transita pela região. Acumulados na calçada, os sacos de lixo atraem animais como urubus e dificultam a passagem das pessoas.

“Imagine um idoso querer passar por aqui e pisar em uma casca de banana. Cai e se machuca sério. Fora que é horrível ficar com esse mau-cheiro o dia todo no nosso nariz. Ninguém quer comprar seus produtos, ainda mais itens que se usa na alimentação, em um lugar sujo assim e infelizmente não tem outro local para depositar os rejeitos não. Aqui a gente joga de tudo: tem resto de fruta, resto de carne, o que você imaginar que o mercado produz diariamente e que tem que ser descartado. É a primeira vez em décadas que vejo uma situação absurda dessas”, comenta Elivan.


Elivan conta que o lixo acumulado pode inclusive trazer doenças - Foto: Assis Fernandes/O Dia

Mas se de um lado há lixo acumulado, do outro tem teresinense preferindo pagar para ter o direito básico de viver em um ambiente limpo e salubre. É o caso da aposentada Elizabeth Alves, 66 anos. Moradora do bairro Parque Piauí, ela conta que os cachorros já estavam rasgando o lixo e espalhando tudo pela rua. Hoje (12), ela contratou um serviço autônomo de limpeza para se ver livre do mau-cheiro e da sujeira.

“Passou um homem numa moto com uma carrocinha e perguntou se podia levar. Foi R$ 5,00 só, eu juntei as moedas e dei, porque não sei nem que dia vai passar o carro do lixo de novo. Não posso ficar com lixo em casa porque tenho criança, tenho cachorro e dou idosa. Daqui a pouco começa a criar larva, rato, todo tipo de bicho”, comenta dona Elizabeth.

No bairro Novo Horizonte, zona Sudeste da Capital, também há relatos de moradores pagando para que carroceiros recolham o lixo das casas.

O que diz a empresa que opera o setor

Por meio de nota, a Prefeitura de Teresina informou que entrou em acordo com os trabalhadores, mas que a Litucera, única empresa que opera o Consórcio Teresina Ambiental, não liberou os caminhões de lixo para as ruas novamente. A reportagem do Portalodia.com tentou contato com a empresa por meio de telefones constantes no site da matriz, em São Paulo, mas não conseguiu retorno.

O espaço segue aberto para futuros esclarecimentos por parte da empresa.