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Especial O DIA: Pais que vivenciam paternidade de fato

Acorda cedo e já prepara o café. Dá banho nas crianças, leva e busca na escola, brinca, dá o jantar, põe para dormir. Troca a frauda da filha menor, dá mamadeira, leva ao médico e até conta histórias. Essa é a rotina do fisioterapeuta Alexandre Mota, pai das pequenas Laura, de 4 anos, e de Luísa, de um ano e sete meses. Seu dia a dia pode até parecer estranho em uma sociedade culturalmente acostumada ao papel reducionista de pai, mas a psicopedagoga Ursulina Silva destaca que, a partir do momento que o casal se compromete a gerar, adotar, criar um filho, a responsabilidade é dos dois. 

“Cuidar dos filhos é uma função dos dois, mas a gente sabe que a maioria dos pais se ocupa com outras coisas, como o trabalho, e deixam o cuidado dos filhos a cargo da mãe. Porém, a mãe também pode trabalhar, então é uma questão de conscientização e a ser combinada entre os dois. Basta fazer divisões de tarefas e a criança crescerá com o afeto de toda a família. Não existe isso de pai não saber orientar, acho que tem a ver com a conscientização e com bom senso. Todo mundo tem capacidade de orientar seu filho”, frisa. 

Alexandre Mota conta um pouco da rotina com as filhas Laura e Luísa (Foto: Moura Alves/ O Dia)

Segundo a psicopedagoga, quando esse compromisso é cumprido de forma plena, a criança tem um desenvolvimento mais maduro, com uma sensação de segurança maior e com a facilidade de conversar tanto com o pai como com a mãe. “Crianças que têm esse acompanhamento são mais seguras, têm decisões firmes, têm mais facilidade para demonstrar seus sentimentos aos pais, para conversarem e desabafarem quando precisarem”, afirma. 

E é isso que Alexandre Mota, marido de Viviane Bandeira, já tinha em mente, mesmo antes de ser pai. Desde a gestação de Laura, ele adotou o modelo de pai presente, não somente fisicamente, mas também nas suas responsabilidades enquanto figura paterna. “Sempre tive vontade de ser um pai assim, logo meu pai também era muito presente. Então, ser pai para mim é tudo, é fazer tudo pelos nossos filhos. Desde questões relacionadas ao trabalho como a planos futuros. Tudo é para dar condição e elas serem pessoas boas”, destaca, acrescentando que, todo dia, aprende a fazer uma coisa nova com as meninas e brinca ao dizer que aprendeu até a maquiar e pintar unha. 

Relação 

Viviane Bandeira lembra. que da mesma forma que começou a ser mãe quando descobriu a gravidez, Alexandre também começou a ser pai quando descobriu que um bebê estava a caminho. “Ele participou de todos os momentos. Ele conversava muito com as meninas ainda dentro da minha barriga, contava histórias. E sempre é muito presente na vida delas. O Alex é de fato pai, porque ele entende que estar com as meninas, cuidar delas, fazer parte do cotidiano delas com banho, alimento, educação e conversando é uma coisa que ele está construindo para o futuro. É um amor que ele está regando. Ele entende naturalmente que esse é o papel do pai”, afirma. 

A pequena Laura não mede esforços para falar o quanto ama o pai e conta tudo o que fazem juntos, ressaltando que ele sempre está com ela. Quando questionada sobre o quanto que gosta do pai, Laura, envergonhada, abaixa a cabeça, dá um sorriso e abre os braços o máximo que pode e diz “desse tantão”. 

“Ser pai é um encontro de alma”, diz pai adotivo 

Fabrício Barbosa, de 42 anos, é assistente social e psicopedagogo. Há quatro anos, ele se tornou pai de João Henrique, que fora adotado quando João tinha quatro anos. Fabrício conta que sempre teve vontade de ser pai, principalmente aos 23 anos, quando ele fez um trabalho na Universidade que abordava adoção. Foi nesse momento que ele teve a certeza de que queria ser pai a partir desse processo. Na época, ele ainda estava na graduação e não se sentia preparado para acolher outra vida em sua vida, principalmente devido às condições financeiras. 

Fabrício adotou João Henrique quando o menino tinha 4 anos (Foto: Assis Fernandes/ O Dia)

Fabrício enfatiza que a condição de amar ele já possuía, mas não podia viver só na ideia romântica de ser pai. “Eu fui amadurecendo até que chegou nos meus 38 anos e vi que já era tempo de eu realmente concretizar esse desejo da paternidade. Então procurei o Cria, que é um grupo de apoio e incentivo à adoção. E eles me orientaram e foi onde conheci meu ilho e pronto, estamos juntos até hoje, porque ele é apaixonante”, conta. 

Para o assistente social, ser pai é sinônimo de dedicação, é renúncia, é acima de tudo amar de forma ilimitada e incondicional, independente de qualquer laço sanguíneo. “É uma entrega diária, constante. Ser pai é um encontro de almas. Quando encontrei o meu ilho, pronto, tive a certeza de que dali eu não queria mais soltar ou me desligar. É uma relação de cumplicidade”, fala com muita certeza. 

Como em qualquer outra família, o dia a dia de João Henrique é recheado de cuidado, carinho, educação e brincadeiras. Fabrício frisa que mesmo sem uma figura materna, a qual as pessoas associam a questão do cuidado, o que não falta é amor na relação de pai e filho. 

“Eu acordo, ele toma café, deixo ele na escola, busco. Geralmente, trabalho à tarde e à noite e ele fica com meus pais. Ensino tarefa, reclamo quando deixa as coisas fora do lugar, levo ao médico. É um cotidiano normal, faço tudo que qualquer outra possibilidade de família faz”, diz. 

O filho 

Sempre muito alegre e saltitante, João Henrique conta que o pai sempre brinca e cuida dele. “Ele sempre ganha no quebra-cabeça porque ele monta primeiro”, ressalta. De forma sucinta, João conta que conhecer o pai foi muito bom, ele tem um lar com muito “brinquedo e amor” e destaca ama o pai “muito, muito”. João brinca dizendo que se pudesse, no Dia dos Pais, daria um relógio de presente a Fabricio. “O que ele usa é do vovô”, justifica o garoto.

Leia a reportagem especial completa na edição de hoje (12) do Jornal O Dia.