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Greve dos ônibus: teresinenses recorrem a corridas compartilhadas para ir e vir

greve dos motoristas e cobradores de ônibus de Teresina  entrou em sua segunda semana e segue sem qualquer perspectiva de fim. É que os trabalhadores ainda não conseguiram chegar a um acordo com empresários e Prefeitura, e até que isso ocorra, o teresinense se vê obrigado a procurar alternativa de transporte para poder ir e vir dentro da cidade. 

Uma das modalidades que mais tem sido procurada nos últimos dias é a das corridas compartilhadas nos aplicativos de corrida. Trata-se de dividir o percurso com pessoas desconhecidas que fazem a solicitação do carro no mesmo momento em pontos diferentes da cidade. Em alguns casos, a diferença de preço da corrida compartilhada para a corrida privada chega a até R$ 15,00. 


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No entanto, os passageiros que têm utilizado esta modalidade de transporte mencionam a insegurança de dividir o carro com desconhecidos e também a demora no tempo de espera e do percurso em si. É que o motorista em geral prioriza a ordem de chamada das corridas e não necessariamente a proximidade dos destinos. 

Apesar destas desvantagens, a corrida de aplicativo compartilhada tem sido a opção utilizada pela técnica em radiologia Lorena Alves para ir e voltar do trabalho nos últimos dias. Moradora do bairro Renascença III, ela conta que nunca havia dividido o carro com ninguém, mas que o preço das corridas privadas e a falta de ônibus na cidade a deixou sem muitas alternativas. 


Foto: Assis Fernandes/O Dia

“Eu costumava pegar o ônibus para o trabalho, mas do trabalho para casa eu sempre voltava de aplicativo porque é mais seguro pelo horário e porque o ônibus não parava perto de onde moro. Para isso, ei gastava entre R$ 15 e R$ 17 todos os dias, só que os últimos dias tem dado preço dinâmico, então o valor mais barato que consigo é R$ 21. Às vezes chega a R$ 45 de meio dia a 15h. Por ser muito caro, testei a opção compartilhada e estava até R$ 15 mais barata. Fico um pouco insegura? Fico, mas eu penso no valor que tenho que gastar na greve, quando estou indo e vindo de carro todo dia”, relata Lorena. 

Ela afirma que, por segurança, prefere viajar em corrida compartilhada pelos aplicativos do que pegar os chamados “ligeirinhos”, que também têm espaço para três a quatro pessoas. Isso porque nos ligeirinhos ela não tem como saber o destino da viagem. Já no compartilhamento por aplicativo, Lorena consegue visualizar o nome de quem também vai embarcar, a parada final e o motorista não pode mudar a rota porque está sendo monitorado pelo sistema do aplicativo. 

A maior desvantagem, além da questão da segurança, é a demora na espera e no percurso no caso da corrida compartilhada. Lorena conta que já chegou a aguardar até meia hora para que o carro chegasse até ela e esperar até 45 minutos no percurso até conseguir chegar ao seu destino. Isso porque a prioridade do desembarque é sempre de quem pediu primeiro. 

“Tenho feito isso na última semana, o compartilhamento de viagem com duas, três pessoas, e tenho economizado. Eu gastaria na semana R$ 100,00 de aplicativo. Com o compartilhamento, estou gastando em média R$ 75,00 porque chega a ser até R$ 10,00 a menos do que eu pagaria se eu fosse sozinha. Entre pagar mais caro e ir sozinha e ter esse tempo de espera maior e ficar mais barato, prefiro compartilhar e pagar menos”, finaliza Lorena. 


Foto: Assis Fernandes/O Dia

Política de monitoramento

A reportagem do Portalodia.com buscou a Uber e a 99 Pop, que são as duas maiores operadoras de corridas por aplicativo em operação em Teresina, para questionar sobre as políticas de segurança para passageiros e motoristas nas modalidades compartilhadas. Ambas informaram que possuem ferramentas de segurança para antes, durante e depois do percurso. 

No caso da Uber, a função Corrida Compartilhada foi desativada no começo da pandemia e segue inativa no momento. A empresa informou que durante a viagem, o aplicativo conta com o botão Recursos de Segurança, que reúne todas as funções de segurança da plataforma. Ele permite que usuários e motoristas parceiros possam compartilhar a sua localização e o tempo de chegada em tempo real com quem desejarem, além de oferecer a opção de ligar para a polícia em situações de risco ou emergência diretamente do aplicativo. 

“Todos os motoristas parceiros cadastrados na Uber passam por uma checagem de apontamentos criminais realizada por empresa especializada que, a partir dos documentos fornecidos para cadastramento na plataforma, consulta informações de diversos bancos de dados oficiais e públicos de todo o País em busca de apontamentos de crimes que possam ter sido cometidos. A Uber também realiza checagens periódicas dos motoristas já aprovados pelo menos uma vez a cada 12 meses”, diz a nota. 

A empresa informou ainda que durante a corrida, caso aconteça uma parada longa e não prevista na rota ou se a viagem terminar fora do destino planejado, pode iniciar uma checagem e enviar uma mensagem para o motorista e o usuário perguntando se é necessário algum suporte e direcionando-o às ferramentas de segurança

 No botão Recursos de Segurança, que reúne todas as funções de segurança da plataforma, é possível acionar o recurso de gravação de áudio. Tanto o usuário quanto o motorista parceiro, têm a opção de relatar um incidente de segurança e anexar o arquivo de gravação de áudio. O áudio permanece criptografado e armazenado diretamente no dispositivo de quem fez a gravação. A Uber só poderá acessá-lo se for compartilhado como parte do relato. Depois da viagem, usuários e motoristas podem e devem avaliar um ao outro depois de cada viagem, de forma anônima. 

Uma equipe monitora essas informações e pode banir da plataforma usuários ou motoristas que tiverem uma média baixa de avaliações ou conduta que viole os termos e condições de uso ou o código de conduta da comunidade, como por exemplo, comportamento inapropriado ou perigoso. 

Já a 99 Pop informou que durante a corrida utiliza GPS e detecta mudanças de rota, paradas longas e trajetos acima do tempo previsto através de Inteligência Artificial. “Com a identificação desses comportamentos inadequados, nossa equipe de segurança poderá alertar o usuário que a corrida está sendo acompanhada e direcioná-la para as opções de segurança disponíveis dentro do aplicativo”, diz a empresa. 

A 99 acrescentou ainda que tanto motoristas quanto passageiros podem cadastrar no aplicativo contatos de confiança para compartilhar a rota durante as corridas. O botão de emergência do serviço também permite ligar automaticamente para o 190 da Polícia Militar através do aplicativo. 

Assim como a Uber, a 99 também permite que os passageiros e motoristas gravem áudios durante as corridas diretamente no aplicativo. Esses áudios podem auxiliar em investigações judiciais ou policiais. A 99 informou ainda que conta com a função Bloquear, que permite aos motoristas e passageiros evitar o encontro em corridas futuras caso tenham passado por uma situação incômoda um com o outro.