Aconteceu na manhã de hoje (20) no auditório da UPA do Satélite uma reunião da equipe técnica da Fundação Municipal de Saúde (FMS) com lideranças comunitárias da região na qual o órgão apresentou o projeto da reorganização da saúde de Teresina e um dos pontos discutidos foi o possível remanejamento da Maternidade do Satélite, na zona Leste de Teresina, para a Maternidade do Buenos Aires, na zona Norte.
No entanto, a ideia não foi bem recebida pelos moradores do bairro. Eles alegam que a Maternidade do Satélite atende a uma área com enorme contingente populacional e inclusive a gente vinda de outros municípios. São pessoas que terão mais dificuldade no acesso ao atendimento e pessoas que podem, inclusive, ficar desassistidas pelos serviços que a unidade oferece caso esse remanejamento seja feito.
Foto: Reprodução/Whatsapp
Na reunião, o presidente da FMS, médico Gilberto Albuquerque, argumentou que apenas 13% dos atendimentos feitos na Maternidade do Satélite são de pessoas residentes naquela zona e todo o restante é de gente de outros bairros. Isso justificaria o fechamento da unidade e a transferência de seus serviços para a zona Norte. O argumento foi rebatido pelo presidente da Associação de Moradores, Ivan Cabral.
“Não se fecha hospital. Eles dizem que uma unidade pequena com menos de 50 leitos não recebe recurso do Ministério da Saúde, pois então que aumentem os leitos ao invés de fechar o que tem e transferir para outro local. A própria FMS nos disse na reunião que 41% dos partos do Piauí são feitos nas maternidades municipais, então por que vai fechar? Isso é impedir o acesso das pessoas à saúde, fere o princípio legal do SUS”, afirma Ivan.
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De acordo com os dados apresentados pela FMS, de janeiro a junho de 2021, a Maternidade do Satélite realizou 1.049 procedimentos obstétricos (partos). Destes, 259 parturientes eram residentes na região. No entanto, todos os outros atendimentos são justamente de pessoas que vivem em outros locais e recorrem a esta unidade justamente por não terem uma mais próxima de onde moram.
O maior contingente, segundo a Associação de Moradores, é justamente de bairros populosos da zona Leste vizinhos ao Satélite como Cidade Jardim, Planalto Uruguai e Santa Bárbara. Nesta região, de acordo com Ivan, vivem mais de 100 mil pessoas, o que descarta a justificativa da FMS de remanejar as atividades da Maternidade do Satélite para o Buenos Aires por conta da demanda.
A Associação de Moradores do Satélite informou que pretende acionar o Ministério Público e a Justiça caso o projeto siga no sentido de remanejar a maternidade do bairro.
Procurada, a Fundação Municipal de Saúde negou a informação de fechamento da Maternidade e disse que ela não será transferida para outro bairro. Veja a nota:
"A Fundação Municipal de Saúde (FMS) informa que não vai haver transferência do atendimento da Maternidade do Bairro Satélite para a Maternidade do bairro Buenos Aires.
Esclarece que frequentemente são feitas análises dos atendimentos médicos em toda a rede municipal para ajustes e melhoria da prestação dos serviços.
Sobre visitas a hospitais é também uma ação rotineira para verificar como está o funcionamento de cada unidade."