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Ônibus de Teresina podem paralisar diariamente caso não haja acordo com o Setut

A crise do transporte público de Teresina parece não chegar a um fim. Mesmo após o acordo entre a Prefeitura e os empresários, as paralisações seguem acontecendo. Isso, porque a convenção coletiva dos trabalhadores do setor ainda não foi assinada e eles seguem sendo pagos em esquema de diárias de acordo com as horas trabalhadas. Com salários atrasados e sem receber os benefícios de direito, os motoristas e cobradores fazem uma nova paralisação nesta quinta-feira (21). O Setut informou que a assinatura da convenção coletiva dos motoristas e cobradores só deve ser feita em janeiro de 2022.

O gerente de Planejamento da Superintendência de Transporte e Trânsito (Strans), Felipe Leal, informou que o órgão, juntamente com a PMT, já se planejou para que a população não fique desassistida durante a paralisação.

“Foram cadastrados carros. Gradativamente a operação do sistema volta à regularidade. Então a população pode ficar ciente, tranquila que a gente conseguiu botar carros cadastrados para suprir a falta do transporte coletivo. A Strans e a PMT estão disponíveis para qualquer sugestão e reclamação”, disse.

Em razão do protesto, quem precisar de transporte coletivo em Teresina nesta manhã ficará só na espera: é que os motoristas e cobradores estão com os veículos estacionados na Praça da Bandeira e a fila de ônibus já se estende pelas demais vias do Centro passando pela Praça do Fripisa, Rua Coelho Rodrigues até chegar à Avenida Frei Serafim.


A manifestação é mais uma tentativa de chamar a atenção do poder público para a situação em que se encontram os trabalhadores. “Pedimos só o salário de 2019 que vinha sendo pago, não estamos nem pedindo aumento. Queremos os tíquetes alimentação e planos de saúde, a Prefeitura já fez o repasse e não tem porque os empresários não assinarem nossa convenção”, pontuou o motorista de ônibus Antônio Cardoso.

A categoria aguarda um retorno por parte do Sindicato dos Empresários para uma mesa de negociação. No final de semana, já houve uma tentativa de acordo entre a classe patronal e os trabalhadores. Nesta reunião, mediada pelo Ministério Público do Trabalho, os empresários se comprometeram a dar uma posição definitiva ao Sindicato dos Trabalhadores do Transporte para pôr um fim nos impasses e assinar um acordo. Foi dado um prazo de 72 horas para que isto acontecesse, mas até esta quinta (21), os trabalhadores dizem que ainda não foram procurados pelo Setut.


Foto: Isabela Lopes/O Dia

“Foi só por causa desse acordo que suspendemos a paralisação que estava programada para a segunda-feira. Na sexta ainda os empresários pagaram os valores referentes aos tíquetes alimentação e ao plano de saúde e ficamos aguardando uma definição quanto aos salários. Na segunda-feira os ônibus já retornaram em maior número, mas até hoje os empresários nunca mais nos procuraram para negociar nada. Nós só voltamos com esta condição de que pagassem os atrasados até hoje, mas como isso não aconteceu, paralisamos de novo”, explicou o cobrador Oswaldo Gomes.

A paralisação dos motoristas e cobradores de ônibus segue até as 11 horas de hoje e deve voltar a acontecer nos próximos dias enquanto não houver um acordo definitivo com o Setut e a assinatura do acordo de convenção coletiva da categoria.

O Portalodia.com entrou em contato com o Setut e a Prefeitura de Teresina para se manifestarem sobre a paralisação dos motoristas e cobradores de ônibus e aguarda retorno da entidade e do órgão.


Foto: Isabela Lopes/O Dia

Passageiros ficaram pelo meio do caminho

Com a paralisação dos ônibus nesta quinta-feira (21), os passageiros que precisaram se deslocar de casa para o trabalho em Teresina acabaram ficando pelo meio do caminho. Aglomerados nas paradas, eles não reclamaram da manifestação dos motoristas e cobradores, mas do que chamaram de “descaso dos políticos com a população”. 

Foi o que afirmou a passageira Dêrecka Castêdo. Ela disse que a população fica prejudica, mas que os trabalhadores também têm o direito de receber regularmente pelo serviço que prestam. “Eu não tiro a razão deles. Assim como eu quero receber meu dinheiro no fim do mês, eles também precisam porque pagam contas, sustentam família e contribuem como todo mundo. Se eles estão prestando um serviço e são cobrados por isso, nada mais justo que recebam no prazo certo querendo ou não. A culpa não é deles, mas dos nossos governantes”, diz.

Quem também afirmou isso foi a auxiliar de serviços gerais, Jane da Silva Carvalho, 43 anos. “Eles estão no direito deles, são trabalhadores como cada um de nós, têm família para sustentar e conta para pagar. Acho que a culpa é da Prefeitura mesmo que não pensa na nossa situação. É um descaso muito grande”, finaliza.