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Pandemia faz aumentar número de ambulantes nas ruas do Centro de Teresina

Quem passa pelas ruas do centro comercial de Teresina vem se deparando com um novo componente do cenário urbano. Seja vendendo roupas, acessórios ou eletrônicos, os ambulantes aglomerados nas calçadas e até mesmo no passeio público dão uma amostra do que a crise sanitária causada pela covid-19 impôs: o aumento da informalidade. 


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Todos os dias, dona Josiane Rodrigues monta e desmonta sua banca localizada em frente ao Museu do Piauí, na Praça da Bandeira. A vantagem é que ao ocupar uma via pública, ela não paga nenhuma taxa pelo uso do espaço, o que já ajuda nos rendimentos do fim do mês. A desvantagem é a insegurança de estar mais exposta à ação da criminalidade.


Foto: Maria Clara Estrêla/O Dia

Quando questionada sobre os motivos de não ocupar um box no Shopping da Cidade, local criado para abrigar os ambulantes do Centro, ela é taxativa ao responder que o fato financeiro é o maior empecilho. “Para eu trabalhar lá, vou ter que alugar um box numa faixa de R$ 500 a R$ 600. Eu não tenho condição de trabalhar dentro do Shopping da Cidade, eu não tenho capital, porque a concorrência lá dentro é muito grande, pessoas que têm mais condições com uma loja que ocupa quase um corredor todo”.


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Apesar de montar sua banca em um local de intenso trânsito de pessoas, o que por vezes facilita a atração dos clientes, dona Josiane afirma que seu maior medo é a insegurança de comercializar seus produtos ao ar livre. A vendedora espera da Prefeitura de Teresina alguma ação no sentido de construir um novo local para abrigar os ambulantes que surgiram depois da criação do Shopping da Cidade e que, segundo ela, não possuem condições de arcar com o box no local.

“Tem a vantagem de não pagar pelo espaço, mas a gente tem vontade de ganhar um local mais seguro. Se eles fizessem um local para a gente ficar, nós que temos pouca mercadoria e não temos capital para comprar muita, seria bom. A gente não quer trabalhar no meio do tempo, mas é a única opção aqui nessa parada de ônibus”, finaliza.


Foto: Maria Clara Estrêla/O Dia

Outra que também vende seus produtos ao ar livre no calçadão da Praça da Bandeira é dona Jesus Sousa. Formada em Pedagogia, ela foi uma das que sofreu as consequências financeiras da pandemia e se tornou vendedora ambulante como uma única para conseguir manter a renda. 

“Eu tinha bastante mercadoria empacada, comecei aqui desde o início da pandemia e estou aqui até agora”, diz. Assim como dona Josiane, Jesus reclama da insegurança de comercializar seus produtos ao ar livre e reitera que migrar para um box no Shopping da Cidade não é uma opção viável pelo preço praticado no aluguel dos boxes e pela falta de atrativos ao local.


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“O preço e a localização dos boxes disponíveis, que ficam no terceiro pavimento, não compensam. Lá não tem muito atrativo para que as pessoas subam até o final e comprem de quem está lá, por isso tem muitos espaços abandonados. Aí o pessoal vem vender na rua e acaba aumentando a concorrência aqui fora. A gente fica exposto, mas é o jeito”, afirma dona Jesus.

Sobre a insegurança, ela conta que nunca foi alvo da ação de criminosos enquanto trabalhava nas ruas do Centro, mas que já presenciou outras pessoas, inclusive colegas, serem. “Quem nos dá segurança são os próprios vendedores mesmo, um do lado do outro, que de certa forma nos dá um suporte. Qualquer movimento diferente, a gente já fica de olho”, pontua.


Foto: Maria Clara Estrêla/O Dia

Atrapalha a circulação de pessoas, diz Sindilojas

A presença dos ambulantes nas calçadas e passeios do Centro de Teresina tem chamado atenção de outro segmento: o dos lojistas. Os comerciantes que possuem estabelecimentos comerciais naquela região dizem que a preocupação não é exatamente com a concorrência, mas sim com a dificuldade que as pessoas têm de circular pela área, o que pode acabar afastando a clientela.

Em conversa com o Portalodia.com, o presidente do Sindilojas-PI, Tertulino Passos, comentou que se há um local ideal para abrigar os ambulantes, que é o caso do Shopping da Cidade, a Prefeitura deveria facilitar a ida deles para lá até para dar melhores condições de trabalho.

“O ambulante no meio da rua está fora do local de trabalho dele. Para isso temos o Shopping da Cidade, que é o local ideal para que eles. Lá eles trabalham com dignidade em um local apropriado. Essa prática de vender as mercadorias no meio da rua atrapalha a circulação das pessoas e consequentemente vai ter a questão da venda”, explicou Tertulino.


Tertulino Passos é presidente do Sindilojas  - Foto: Assis Fernandes/O Dia

O presidente do Sindilojas disse que já se reuniu com a Prefeitura de Teresina para tratar do assunto e que continuará cobrando do poder público alguma ação no sentido de realocar os ambulantes no Centro em locais mais adequados para a comercialização de seus produtos.

O outro lado

O Portalodia.com entrou em contato com a SAAD Centro para saber sobre o funcionamento do Shopping da Cidade no que respeita aos aluguéis dos boxes e taxas praticadas junto aos permissionários. A reportagem aguarda retorno. 

O Dia também buscou a Guarda Municipal para falar sobre a segurança no Centro da Capital e também aguarda retorno.