A qualidade das máscaras disponibilizadas pela Fundação Municipal de Saúde (FMS) aos profissionais de enfermagem que atuam em ambientes hospitalares destinados ao atendimento de pacientes da Covid-19 é questionada pelo Sindicato dos Enfermeiros, Auxiliares e Técnicos em Enfermagem do Estado do Piauí (SENATEPI).
Segundo as denúncias, os Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) de qualidade são entregues apenas para os profissionais que atuam nos setores específicos de enfrentamento da doença, enquanto enfermeiros e técnicos em enfermagem de outras áreas dos hospitais recebem apenas uma máscara caseira.
Mascara disponibilizada pela FMS é considerada de baixa qualidade (Foto: Divulgação / Senatepi)
O presidente do Senatepi, Erick Ricelly, afirma que a baixa qualidade dos EPIs é responsável pela infecção por coronavírus de profissionais de enfermagem. Ele explica que nenhum trabalhador que atua na linha de frente do combate foi diagnosticado com a doença. Por outro lado, a contaminação de servidores de outros setores dos hospitais não para de crescer.
“Todos os enfermeiros e técnicos que estão trabalhando em contato direto com os doentes, nenhum testou positivo. O que prova que o EPI é de qualidade”, explica. “Só que como o vírus circula em todo o hospital, quem está distante desses setores é infectado porque recebe um EPI de baixa qualidade que não protege. Recebe uma máscara caseira, não recebe o capote e não recebe os óculos”, disse.
Profissional de enfermagem com máscara caseira (Foto: Divulgação / Senatepi)
Ao todo, 108 profissionais de enfermagem já foram infectados pelo novo coronavírus no Piauí, sendo que dois estão com sintomas graves e internados em Unidade de Terapia Intensiva (UTI). De acordo com o Senatepi, todos os dias, em média, cinco trabalhadores são contaminados pelo vírus no estado.
O Sindicato tem invocado o Art 22 do Código de Ética dos profissionais de Enfermagem para orientar que os procedimentos só sejam realizados com a utilização dos equipamentos adequados."Estamos recomendando aos profissionais que na ausência do EPI não realize o atendimento e registre isso no relatório de enfermagem”, afirmou Erick Ricelly. “Tivemos um caso no UTI que um paciente sintomático foi a óbito porque não tinha EPI para o pessoal realizar o atendimento dele”, revelou.
O presidente disse que a categoria tenta audiência com o presidente da Fundação Municipal de Saúde (FMS) desde o dia 24 de março, mas não foi atendida. Para comentar as denúncias do Senatepi, o Portal O Dia entrou em contato com a assessoria da FMS, e não obteve retorno até o fechamento desta matéria.