Dados do Painel Saneamento Brasil, que faz parte do Instituto Trata Brasil (ITB), revelam que 32.701 teresinenses – ou 3,8% da população da capital – não possuem acesso à água. O levantamento leva em consideração as últimas informações disponíveis no SNIS, o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento, órgão ligado ao Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR).
A vida das pessoas que estão nessa situação deve se tornar ainda mais complicada com o início do segundo semestre nesta sexta (1º), período mais quente e seco do ano, que compreendem os meses entre julho e meados de novembro.
(Foto: Arquivo / O DIA)
Enquanto essa parcela da população não tem água na torneira, outro dado chama atenção: as perdas na distribuição chegam à 43,9%, ainda segundo o próprio Painel. Na capital, desde 2017 a responsável pelos serviços de abastecimento de água e de oferta de esgotamento sanitário na zona urbana é a Águas de Teresina. À época que assumiu a administração do saneamento básico na cidade, a empresa prometeu elevar o índice de cobertura da rede de esgoto.
Porém, segundo o Painel Saneamento Brasil, 64,3% dos teresinenses não são beneficiados com a coleta de esgoto. Os números possuem como base os dados do SNIS 2020. Os dados que baseiam esta reportagem estão no Painel Saneamento Brasil, que podem ser acessados no endereço www.painelsaneamento.org.br.
Procurada pela reportagem de O DIA, a Águas de Teresina informou que "existe uma defasagem natural nas informações, que não representam o atual cenário no que se refere ao saneamento básico na capital piauiense" E que "zona urbana de Teresina alcançou, ainda em 2020, a universalização do abastecimento". O órgão informou que a zona rural seria de responsabilidade da Agespisa. Em nota, a empresa afirmou que "o abastecimento da zona rural da capital é de responsabilidade da Prefeitura de Teresina. Porém, alguns povoados foram e estão sendo incorporados ao atendimento da empresa. Mas essas localidades ainda não faziam parte do atendimento da empresa no período em que ocorreu o estudo".
Por sua vez, a Prefeitura de Teresina, através da SAAD Rural afirmou que "no momento existem 178 poços tubulares funcionando, realizando o abastecimento d’água em 112 comunidades".
Sobre o Painel
O Painel Saneamento Brasil é a mais nova iniciativa do Instituto Trata Brasil – ITB e nasceu com o intuito de levar mais informações aos brasileiros para que tenham acesso à situação do saneamento nas cidades onde moram e verifiquem se possuem o atendimento apropriado em relação a este serviço. A proposta é o Painel trazer indicadores dos 839 municípios com população acima de 50 mil habitantes, iniciando pelas 200 maiores cidades em abril de 2019.
Sobre o Trata Brasil
O Trata Brasil é uma OSCIP (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público) que surgiu em 2007 com foco nos avanços do saneamento básico e na proteção dos recursos hídricos do país. Se tronou uma fonte de informação ao cidadão para que reivindique a universalização deste serviço mais básico e essencial para qualquer nação.
O ITB produz estudos, pesquisas e projetos sociais visando conscientizar o cidadão comum do problema e, ao mesmo tempo, pressionar pela solução nos três níveis de governo. A proposta é que todos conheçam a realidade do acesso à água tratada, coleta e tratamento dos esgotos e busquem avanços mais rápidos.
Confira as notas de posicionamento dos órgãos citados:
NOTA - Águas de Teresina
O Painel Saneamento Brasil utiliza informações do Sistema Nacional sobre Saneamento (SNIS), que ainda consta dados de 2020. Logo, existe uma defasagem natural nas informações, que não representam o atual cenário no que se refere ao saneamento básico na capital piauiense.
A zona urbana de Teresina alcançou, ainda em 2020, a universalização do abastecimento, colocando fim à falta d’água crônica que prejudicava a população, sobretudo no período de altas temperaturas, conhecido como B-R-O Bró. Além disso, a Águas de Teresina tem atuado com atenção especial à população vulnerável para garantir a implantação de infraestrutura de água em áreas de ocupação, com inclusão das famílias carentes no benefício da Tarifa Social, promovendo mais saúde e dignidade aos teresinenses.
Atualmente, o foco da concessionária é a ampliação do esgotamento sanitário. A capital mais que dobrou a cobertura de esgoto na cidade, saindo de 19% para 40%. Os avanços foram possíveis com a atuação da Águas de Teresina, que desde 2017 já aplicou R$ 1,1 bilhão. Até o ano 2024, a cidade terá 59% de cobertura. A expectativa é atingir 90% em 2033 – em pleno atendimento ao que estabelece o Novo Marco Legal do Saneamento.
Nota – Agespisa
A Agespisa informou que o abastecimento da zona rural da capital é de responsabilidade da Prefeitura de Teresina. Porém, alguns povoados foram e estão sendo incorporados ao atendimento da empresa. Mas essas localidades ainda não faziam parte do atendimento da empresa no período em que ocorreu o estudo.
Nota - Prefeitura de Teresina (SAAD Rural)
A Superintendência das Ações Administrativas Descentralizadas (Saad Rural) informa que o abastecimento d’água da zona Rural é de responsabilidade da Prefeitura de Teresina que no momento existem 178 poços tubulares funcionando, realizando o abastecimento d’água em 112 comunidades rurais nas zonas: sudeste, sul, leste e norte.