A pandemia do novo coronavírus e as medidas de isolamento social decretadas pela Prefeitura de Teresina reduziu 95% o número de passageiros no transporte coletivo da capital. De acordo com Sindicato das Empresas de Transportes Urbanos de Passageiros de Teresina (SETUT), até o início do mês março eram transportados diariamente cerca de 220 mil pessoas. Agora, a média não passa de 10 mil.
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Para os empresários do setor, essa queda de demanda agravou a crise que o sistema de transporte público de Teresina vem enfrentado. O coordenador técnico do SETUT, Vinícus Rufino, explica que nesse momento o custo da operação é superior a arrecadação, o que deixa o sistema próximo a um colapso.
“Essa queda de demanda somada à ausência de aporte de recursos por parte do poder concedente, para o enfrentamento desta grave crise a qual o país se encontra, resulta na iminência de um colapso no sistema de transporte público. Como o transporte é mantido pela tarifa paga pelo usuário, o serviço já vinha desequilibrado e esse problema se agravou substancialmente”, disse.
Os empresários defendem que a prefeitura repasse um auxílio emergencial para que os ônibus continuem em operação e não prejudique os trabalhadores de serviços essenciais. O presidente do SETUT, Edmilson Carvalho, afirma que várias empresas estão com alto nível de endividamento e não possuem capital para continuar em atuação.
“Todo esse pessoal que se desloca usando o transporte público continua precisando desse serviço essencial. Algumas iniciativas do Governo Federal permitiu suspender contratos, postergar o pagamento de impostos, sinalizaram até capital de giro, o que até o momento não chegou, e como o setor está tão endividado, várias empresas não têm capacidade financeira”, pontua.
Uma década de queda
O SETUT alega que os problemas com do transporte público de Teresina tiveram início há 10 anos, quando o número de pessoas que utilizam o ônibus como meio de transporte começou a cair. Um levantamento da entidade representativa aponta a queda de passageiros e um aumento da quantidade de não pagantes que utilizam o sistema público.
Em média, foram transportados de 6.238.289 usuários pagantes durante todo o ano de 2019. Uma década depois, os dados aponta que são pouco mais de 2 milhões de pagantes anualmente. Por outro lado, preocupa também ao coordenador técnico do SETUT, Vinícius Rufino, a quantidade de gratuidades.
“Em 2010, a quantidade de passageiros não pagantes era menor que 200 mil/mês. Hoje, este número está próximo de 800 mil/mês. E a quantidade de estudantes se manteve, levando a um aumento percentual relativo deste volume em relação ao total transportado”, explica.
Rufino diz ainda que os preços de peças para manutenção dos ônibus e os combustíveis aumentam consideravelmente. Ele compara que em 2010 o valor do diesel era de R$1,75, quando hoje é comercializado a R$3,50. “Não há nenhum tipo de desoneração ou subsídio sobre o óleo diesel, como é largamente praticado em outras capitais, fato que auxiliaria na diminuição do custo total”, critica.