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Transporte público de Teresina tem redução de 63% de passageiros em 10 anos

O transporte público de Teresina teve prejuízo durante pandemia causada pela covid-19. As principais perdas das empresas foram em relação a redução da demanda por transporte urbano de passageiros. A quantidade de viagens realizadas por passageiros chegou a cair 80% nas primeiras semanas da crise e foi se recuperando lentamente, mas sem alcançar os níveis anteriores (gráfico). Em dezembro de 2020, a redução média chegou a 39,1%.

Entretanto, a crise do setor já vinha ocorrendo e houve um forte agravamento com a pandemia. Um levantamento feito pelo Sindicato das Empresas de Transportes Urbanos de Passageiros de Teresina (SETUT) indica que houve uma queda sistemática na quantidade de demanda do sistema nos últimos 10 anos, e esse número se agrava quando se refere ao passageiro efetivamente pagante do sistema.  Em 2010, a média anual de passageiros transportados pagantes era de 6.238.289.  Uma década depois, esse número caiu para próximo de 2 milhões (2.292.814).

Como o transporte é mantido pela tarifa paga pelo usuário, o serviço já vinha desequilibrado e esse problema se agravou substancialmente, como explica o coordenador técnico do SETUT Vinicius Rufino. "Sem a estrutura necessária, o transporte público vem perdendo passageiros nos últimos 10 anos e estas constantes quedas nas quantidades de passageiros transportados podem resultar em graves consequências ao setor em Teresina. A mudança vem sendo sentida pelas empresas de transporte coletivo, que sofrem com os aumentos constantes dos custos e uma queda permanente da arrecadação", disse.


Transporte público de Teresina tem redução de 63% de passageiros em 10 anos. Foto: Assis Fernandes

No começo da pandemia, a NTU projetou que 2020 terminaria com uma demanda de 80% da existente antes da Covid-19 e com 100% da frota em operação (oferta). Mas não foi o que ocorreu. O ano terminou com 61% da demanda usual e 80% da frota em circulação.

O presidente executivo da NTU, Otávio Cunha, esclarece que o prejuízo do setor, após dez meses de impacto da pandemia, é resultado da drástica redução de demanda e, consequentemente, da receita tarifária, que superou em muito a redução da oferta. "Os prejuízos continuarão enquanto a tarifa paga pelo passageiro for a única fonte de financiamento do serviço na maior parte das cidades", destaca.

Emprego

A mão de obra representa, em média, 50% do custo total das operadoras, e a crise financeira impactou também o nível de emprego do setor. O estudo cita dados do Painel do Emprego da Confederação Nacional do Transporte (CNT) para indicar que o setor de Transporte Rodoviário de Passageiros Urbano perdeu em todo o país 61.436 postos de trabalho. Foram 39.513 admissões e 100.949 desligamentos de janeiro a novembro do ano passado.

O setor de transporte coletivo urbano gerava cerca de 405 mil empregos diretos em todo o país antes da pandemia; a redução da força de trabalho, em torno de 15% desse total, só não foi maior graças às reduções das jornadas e salários ou suspensões dos contratos trabalhistas autorizadas pela Lei Federal nº 14.020/2020, que instituiu o Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda.