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“Nossa indústria é viciada em subsídio e incapaz de competir”, diz Luiz Felipe D'Avila

Luiz Felipe D’Ávila comentou sobre suas principais propostas a serem apresentadas ao eleitorado durante a pré-campanha

02/05/2022 10:02

O DIA conversou com o cientista político Luiz Felipe D’Ávila, pré-candidato a presidente da República pelo Partido Novo. Ele comentou sobre suas principais propostas a serem apresentadas ao eleitorado durante a pré-campanha, assim como teceu críticas a polarização Lula e Bolsonaro, afirmando que foi o populismo de direta e esquerda que colocou o Brasil no cenário atual de crise econômica.

(Foto: Reprodução / Arquivo Pessoal)

O senhor acredita que vai ser possível furar a bolha da polarização Lula e Bolsonaro? Neste contexto, como o senhor avalia a chamada terceira via?

Eu acredito que é possível. 63% das pessoas dizem que o Brasil está no rumo errado na economia, então como vai vencer o populismo de direita ou esquerda se foi esse populismo o causador da maior estagnação econômica da história do Brasil, recorde de desemprego, aumento da miséria, preços disparando, é um cenário desastroso. Eu não acho que o povo brasileiro vai dar um voto de confiança achando que os populistas que nos colocaram numa situação dramática serão capazes de nos tirar do buraco em que eles nos colocaram. O que estamos vivendo hoje é fruto de 20 anos de uma política populista no Brasil. Essa sensação de que o Brasil está no caminho errado será determinante para a qualidade de voto. A minha discordância com a terceira via é que ela propõe nada, apenas diz nem Lula e nem Bolsonaro, mas não há uma discussão concreta, com propostas objetivas para fazer a economia retornar a gerar emprego.

Qual o carro chefe da sua pré-campanha eleitoral? O que o senhor vai priorizar em seu discurso para tentar conquistar o eleitorado?

É fazer o que todos os países fizeram para melhorar a vida dos seus habitantes. A primeira é abertura unilateral da economia. Nenhum país ficou rico fechando sua economia para o mundo como o Brasil faz. Hoje somos a segunda economia mais fechada no mundo. É preciso investir no comércio internacional, é vital para gerar crescimento econômico, emprego, renda, investimento. Até a China um país comunista descobriu que para tirar 800 milhões de pessoas da pobreza é preciso crescer 8% ao ano, e para crescer isso é preciso ser competitivo no comércio internacional. O Brasil vem perdendo mercado, competitividade por causa dessas medidas protecionistas, então temos que abrir a economia. Temos uma classe empreendedora de primeira como o agro mostra. Temos o agro mais competitivo do mundo, enquanto em 10 anos o Pib do agro cresceu 34% o da indústria caiu 16%. Porque é uma indústria viciada em subsídio do governo, em protecionismo e incapaz de competir internacionalmente. 

A segunda é a questão do meio ambiente. O Brasil ganhou na loteria neste sentido, porque o mundo caminha para uma economia de baixo carbono e o Brasil têm capacidade de reter 50% de carbono do mundo, então temos uma oportunidade ímpar para atrair investimento, na economia ambiental e que ajuda o agro. Porque se continuarmos a desmatar quem vai receber a retaliação será nosso agro. Amanhã não vão comprar a carne brasileira, a soja brasileira porque vão dizer que vem de área desmatada, o que é mentira. Mas é utilizada para nos prejudicar. E finalmente a digitalização do governo, precisamos simplificar processo, diminuir regras, cortar a burocracia para tirar o estado pesado das costas do setor produtivo. Hoje empresário e empreendedor tem que lidar mais tempo com regulamentação do que com criação e desenvolvimento tecnológico. Temos que ter um estado enxuto e eficiente para aqueles que geram riqueza e produzem negócios e empreendem.

(Foto: Reprodução / Arquivo Pessoal)

A privatização é uma marca sempre presente no discurso do Partido Novo. Quais as principais empresas do país que o senhor entende que se forem privatizadas devem gerar benefícios a população?

Em quase todas as áreas precisamos ter mais concorrência, mais competição. Quanto mais competição, mais investimentos e cai o preço. Eu sempre gosto de dar exemplo da telefonia. Telecomunicações no Brasil era um monopólio do estado, e em 1990, linha telefônica era tão caro que a gente declarava no imposto de renda. Era um produto de luxo. Privatizou-se as telecomunicações, as empresas entraram no mercado e hoje todo brasileiro tem um celular no bolso. Porque a concorrência transformou um produto de luxo da ineficiência estatal num bem acessível a todos os brasileiros. Agora temos a questão do saneamento, outra tragédia estatal brasileira. Temos mais de 100 milhões de brasileiros sem esgoto tratado, mais de 35 milhões sem água tratada. Esse monopólio foi incapaz de levar saneamento aos brasileiros. Isso causa problemas de saúde e acabamos de votar um novo marco do saneamento abrindo o setor para o investimento privado, e já temos uma meta: em 2033 universalizar o saneamento básico em todos os municípios. 

O Brasil tem dimensões continentais. As demandas são diferentes por região. Como está a elaboração do seu plano de governo no que diz respeito a região Nordeste? 

O maior potencial de crescimento econômico do Brasil está hoje na região Nordeste. Nós temos energia renovável, provavelmente será o maior produtor de energia renovável do mundo nas próximas duas décadas. Temos a agricultura, o agro crescendo muito, a fronteira agrícola expandido nesta região, coisas extraordinárias, temos o oeste baiano maior produtor de algodão e soja do Brasil, o polo em Petrolina como exportador de frutas. O turismo só representa 3% do PIB brasileiro enquanto países como Portugal e Grécia chegam a 20%. Temos um campo enorme. Vocações importantes, no Piauí nós podemos exportar leite de cabra, coisa que importamos. Somos o maior produtor de mel puro e não conseguimos agregar valor para exportar a bom preço. O que temos de olhar é para vocação econômica de cada região e o que vamos fazer para agregar valor nas produções e desenvolver o território.

Vivemos num país muito desigual. Quais seriam as suas propostas para o combate a pobreza, que assola milhões de brasileiros todos os dias?

Quem aumentou a pobreza drasticamente no Brasil foram os governos populistas de direita e esquerda. Foi a sequencia de Lula, Dilma e Bolsonaro que levou a gente a este problema e temos que dar nomes aos bois. Agora vamos para a parte de resolver este problema. Três formas são fundamentais. Tem de manter os programas sociais como o Bolsa Família para ajudar nessa travessia como emergência. Mas é preciso focalizar nos programas, não se resolve o problema da pobreza despejando dinheiro sem critério. Precisa ter critério e nós sabemos quais são os critérios que resolvem o problema da pobreza. O auxilio emergencial dá R$ 400 ara todo mundo. Tá errado, uma mãe com crianças pequenas tem que receber mais recursos que um jovem solteiro. Não pode ser o mesmo valor para todo mundo, tem que ter um diferencial. É assim que se resolve a pobreza. 

O Partido Novo vai criar um indicador de redução de pobreza com quatro áreas, a primeira é a renda. Separar a pobreza crônica da pobreza intermitente, e atacar a pobreza infantil. Temos que ter um indicador para cada uma. E finalmente a questão da fome, nós desperdiçamos 30% da safra agrícola entre o transporte do alimento da fazenda até o supermercado. Se nós economizarmos 10% disso, ou seja, 5 milhões de toneladas de alimentos, nós resolvemos a questão da fome no Brasil, isso é uma competência da gestão pública. Coisa que não dá pra fazer se você aparelhar governo. Se você distribuir cargos para os amigos políticos, nós precisamos ter gente técnica de primeira, dá sim para reduzir 10% do desperdício da safra e aí reduzir a questão da fome no Brasil. Dá para criar indicador da redução de pobreza e ter meta para dada um. É preciso mais conhecimento de gestão pública e assumir meta. Um governo só pode ser cobrado se assumir metas, e esses governos populistas que dizem que governam para os mais pobres não tem coragem de assumir meta de redução de pobreza. Quero ver chegar e dizer que vai erradicar a pobreza do Brasil em 4 anos, em dizer que vai reduzir em 20% a pobreza de crianças de 0 a 6 anos. Tem que ter um comprometimento político com o orçamento da nação para o desenvolvimento de programas e determinar metas para a sociedade cobrar o governo. 

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