"O amor entre as pessoas e a arte renasceu", a fala do guitarrista do Angra, Rafael Bittencourt, expressa o sentimento dos fãs da banda que completa 32 anos em 2023. Umas das vozes mais expressivas do Metal nacional, o Angra volta ao Piauí 18 anos depois, desta vez para falar sobre os "Recortes do Rock no Brasil" no último dia da mesa "Tem Futuro", o ciclo de palestras do festival. Ao lado de Bittencourt, o produtor musical Paulo Baron, uma das referências mundiais do rock, também conversou com fãs da banda e amantes do rock na sede da Federação das Indústrias do Piauí (FIEPI).
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A banda de Metal paulista tocou duas vezes no Piauí Pop, em 2005 e 2009. De lá para cá muitas mudanças ocorreram na trajetória da banda. Novos caminhos de um futuro promissor de acordo com o guitarrista. " Só o título das palestras, tem futuro, já fala de esperança, significa que há futuro, um futuro brilhante, de otimismo para o rock. Uma das coisas que a pandemia ensinou para nós foi a importância da arte, foi a arte que nos acolheu nos momentos de dificuldade. Hoje esse amor entre a arte e as pessoas renasceu, a arte é o espelho de quem nós somos e revela muito do que é a sociedade, nossas dores, alegrias. As coisas que sentimos e não conseguimos expressar o artista encontra uma forma de dizer, seja de forma poética ou visceral, por isso esse momento é tão importante para a arte", disse o músico.
Fã da banda, o músico Victor,26, fala com emoção da sua paixão pelo Angra e diz que o rock não morreu. "A presença dele aqui neste exato momento reúne pessoas que admiram justamente esse estilo, nossa cidade é muito influenciada por outros ritmos, como forró, sertanejo e outros. Ver isso aqui acontecendo é ver que o rock não morreu. O Rafael é uma referência do metal no país, conheço o Angra desde 2010 e estou me sentindo um menino no playground", afirmou o jovem.
O produtor mexicano Paulo Baron, referência nacional em shows de rock, cobrou mais espaço para o ritmo nas rádios do país. "Hoje o rock está bem melhor do que era antes, os jovens conseguem mais acesso a instrumentos e todas as músicas. Faltam meios de comunicação que apoiem o rock. Somente nas grandes capitais do país você tem veículos de comunicação que tocam o rock, são poucas as cidades. Sinceramente precisamos levar essa mensagem do rock, como o Piauí Pop faz trazendo bandas de rock para fazer essa diferença" finalizou.
Individualidades prejudica o cenário do rock
Bittencourt avalia o cenário profissional do rock e lamenta a individualidade que dificulta o surgimento de novas referências no cenário do Rock. "Está aparecendo muita coisa legal, ainda faltam alguns canais, portais, que agreguem tudo isso como foi na época da MTV. Com a expansão do YouTube e canais de mídia social cada um vive na sua própria bolha, acho que faltam elementos que conectem essas bolhas para a gente ter um olhar do que realmente é. Quando a gente vê todo mundo separado parecem apenas partes de um processo maior. Tem muitos talentos surgindo em programas musicais e a gente está no momento de surgimento de novos talentos, no tik tok por exemplo, então eu gosto muito de todo esse processo. É um momento de brilhantismo individual o que falta é ver isso de forma coletiva", afirmou.
O músico conclui avaliando a importância do Piauí Pop para o cenário do Rock piauiense. "Esse reencontro do público do Piauí representa tudo isso, essa carência de todo esse tempo que ficamos sem eventos, um show de rock você não está somente vendo seus artistas é uma experiência que você vive com seus amigos, você vai se divertir, viver, construir memórias. No fim das contas é isso que o ser humano quer, construir boas memórias", conclui.