No Piauí Pop 2023, um dos eventos mais esperados pelo público, a palestra "Lideranças do Futuro", realizada dentro do Arena Tem Futuro, trouxe uma abordagem inovadora sobre o papel das novas tecnologias e da Inteligência Artificial (IA) na formação de líderes capacitados para impulsionar a transformação em diversas áreas. A palestra, realizada nesta terça-feira (04), reuniu um público diversificado, composto por estudantes, profissionais e entusiastas da temática da liderança.
Durante a palestra, foi ressaltada a importância das novas tecnologias como ferramentas facilitadoras para impulsionar mudanças positivas. Os palestrantes destacaram o uso de aplicativos, plataformas digitais e ferramentas de comunicação para promover uma liderança mais ágil, eficiente e colaborativa.
A pesquisadora de Futuros Saudáveis e fundadora da Voicers, Lígia Zotine, foi uma das palestrantes que destacou a necessidade de estarmos conectados com as transformações do mercado empresarial e da sociedade em geral. Segundo Zotine, a última década foi decisiva para o salto nas novas tecnologias.
“Nós nos tornamos móveis e toda essa ‘chacoalhada’ de mundo aconteceu em menos de uma década {...]. Há dez anos a gente conseguia transmitir pensamentos, a gente conseguia conectar quem tinha algo com quem de repente podia entregar aquele algo. É nesse lugar que todas essas revoluções que nós vimos passam por essa ‘tecnomágica’. Você pensar em querer acessar alguém, e hoje, a gente acha inevitável, mas por muito tempo foi um desafio”, disse.
Além disso, Lígia Zotine ressaltou que o surgimento das IAs acendeu o alerta sobre quem de fato nós somos, se seres humanos ou produtos fabricados para suprir necessidades e desejos da humanidade.
“Todas essas tecnologias que existem elas fazem eu me reconheça pela minha identidade. E olha que eu não me reconheço pela minha identidade, seja lá o que ela represente, ou a causa que ela represente, ou seja ela o que for. Eu tenho força em quem eu sou. Não é mais separado o fato de que os seres humanos estão buscando todos os seus espaços de fala”, destacou.
Na oportunidade, Ale Santos - roteirista, escritor de ficção, podcaster - argumentou sobre como seria o prometido “futuro tecnológico” sem que possamos incluir, de fato, a população preta e demais povos menos favorecidos na tomada de decisões.
“Negros não são humanos nos Estados Unidos. As pessoas ficam ao relento, você não tem direitos civis. Por que você acha que é humano? Por que você acha que tem esse conceito de humanismo? E eu vejo isso se reproduzir constantemente na nossa sociedade. Por exemplo, quando a gente fala assim: ‘Olha, o futuro da nossa humanidade é a conexão no metaverso’. O futuro da conexão humana no metaverso, você vai dizer que aquelas pessoas que não tem acesso a um ar-condicionado ou àquela tecnologia, não são humanas”, comentou.
Ale Santos é considerado uma das “50 pessoas mais criativas” e um dos protagonistas do afrofuturismo no Brasil. Ele finaliza pontuando que a temática das novas tecnologias, IAs e inovações no campo tecnológico deve por em destaque o papel da comunidade preta para o acompanhamento do “futuro”.
“Acho a tecnologia extremamente poderosa, mas vocês realmente acham que no futuro todo mundo vai nascer com uma babá tecnológica? ou exclusivamente algumas poucas pessoas? Isso é mega importante de se discutir para que talvez a gente faça uma ponte até o futuro ou coisa do tipo. Porque se eu não alertar que esse futuro não é inclusivo ele não é nossa essência”, concluiu.
Com edição de Nathalia Amaral.