Com o objetivo de fomentar discussões sobre tecnologia, sustentabilidade, economia criativa e responsabilidade, o Piauí Pop 2023 iniciou na tarde desta terça-feira (04) uma roda de debates que promete por em pautas temas relevantes sobre o potencial inovador e incentivo aos jovens piauienses.
Na abertura, a primeira palestra teve como tema “O Futuro do Planeta”. Segundo o palestrante Sérgio Margulis - pesquisador sênior associado do Instituto Internacional para a Sustentabilidade e da WayCarbon - a acentuada concentração de CO2 em nossa atmosfera está causando um desequilíbrio sem precedentes no planeta.
Queima de combustíveis fósseis, produção acelerada de bens de consumo e uso inconsciente dos recursos naturais são alguns dos agravantes para o crescimento da problemática.
“A revolução industrial é tida como o começo do aquecimento global. Na época inventaram máquinas a vapor, queima de carvão, pois quando você queima o carvão vai gerando energia. Depois vem a tração animal e afins até a Segunda Guerra Mundial, quando realmente entra em pauta o aquecimento global”, disse.
Segundo o pesquisador, diante dos iminentes problemas, a população mundial teve por se adaptar à problemática ao invés de adotarem um posicionamento de mitigação, ou seja, tornar menos agressivo aos impactos no meio ambiente.
Margulis relatou ainda sobre as reuniões deliberativas que acontecem na Organização das Nações, onde reúnem país ricos, em desenvolvimento e os mais necessitados de ajuda monetária. Para ele, a discussão é rico versus pobre, e que os que sentirão com mais ênfase os efeitos globais serão os mais vulneráveis.
“É rico contra pobre, ponto. O rico consome, classe média consome no meio, pobre não consome e sofre com o problema. Como é que chama na mesa para negociar? Não tem como ajudar em nada […]. Como o pobre consegue adaptar se só consegue sobreviver? Não consegue comprar uma casa”, frisou.
Em uma ilustração mostrada na ocasião, no Piauí é duas vezes maior a taxa média global de aceleramento do aquecimento mundial e mudanças climáticas. Gilbués é um dos principais núcleos de desertificação no país
Por fim, ele destacou que o planeta só possui apenas mais 50 bilhões de toneladas “sobrando” para emissões de gases poluentes até um possível colapso do sistema.
Entender para reverter
De acordo com a superintendente da Centro de Pesquisas Econômicas e Sociais do Piauí (Cepro), Cíntia Bartz, antes mesmo de arquitetar uma invertida para uma rápida ação quanto aos problemas ambientais, é necessário que a população entenda com que estamos lidando.
“Falam em adaptação. Quem é que vai se adaptar? Quem é? Quem é que vai sofrer de fato com as mudança climáticas? Por exemplo, aqui em Teresina todo mundo já sentia as mudanças climáticas com o aumento da temperatura. A gente sabe quem consegue comprar um ar condicionado dentro de casa. Mas se a gente for na periferia, a gente vê muitas casas sem ar-condicionados e ficam em condições de se adaptar, principalmente no período do B-R-O BRÓ”, argumentou.
“Não é isso. A gente tem que discutir a nossa realidade como nós podemos nos adaptar e, principalmente,como nós podemos agir. Então essa será uma pausa mais significativa, principalmente porque nós sabemos que a população mais carente e mais vulnerável é a população pobre”, relatou.
Segundo ela, os principais desafios para uma rápida ação e combate às mudanças climáticas são a ausência ou fraca capacidade técnica, escassez de dados e informação e escassez de recursos financeiros
“O primeiro passo é justamente esse de compreender, assimilar essa informação que era a mudança climática. O primeiro passo é compreender essas informações, saber que é real, e não era imaginário como parecia ser”, explicou.