“A nossa natureza está gritando por socorro há muito tempo e as pessoas ainda não têm essa visão e isso é de se lamentar”. A reflexão é da professora aposentada Fátima Mourão, que sempre se preocupou com o meio ambiente e com o uso racional de água e energia em sua casa.
Ela, que adora plantas, construiu uma residência ecológica e, para manter a vegetação impecável, toda a família planeja desde o adubo até a água que irá irrigar a plantação. No início, a professora reutilizava a água da máquina de lavar roupa para regar as plantas, mas os artifícios evoluíram.
“Como meu filho é arquiteto, ele fez uma especialização em arquitetura sustentável e a gente deu carta branca para ele fazer da forma que ele queria, que fosse adequado e que aproveitasse o máximo do que ele aprendeu no curso. Nós aproveitamos a água da chuva, não jogamos cascas de banana fora, nem um pedaço de tronco”, conta Fátima.
Anderson Mourão, filho de Fátima, explica como é feita a irrigação da casa. “Durante a chuva, a água é canalizada diretamente para a cisterna. A água é reutilizada em um sistema de automação para irrigar toda a vegetação, no térreo, na cobertura, nos horários certos. São quatro acionamentos que duram, mais ou menos, cinco minutos, com isso reduz o consumo de água, além de ser prático, porque não precisa irrigar manualmente”, fala.

Anderson Mourão mostra as placas de energia solar que foram instaladas na casa - Foto: O Dia
Além da economia financeira, a família se beneficia com as verduras que plantam, já que não é aplicado agrotóxico nos alimentos. “Minha horta tem uma qualidade melhor na produção das verduras que a gente consome, porque não tem agrotóxico e a gente tem uma certa economia, até com a mão de obra”, explica a professora.
Energia renovável
De acordo com o arquiteto Anderson Mourão, produzir a própria energia está se tornando cada vez mais atraente e possível para as famílias. O investimento em placas solares tem retorno rápido, além de ajudar o meio ambiente.
“A intenção, desde o início, foi reduzir ao máximo o consumo de energia, então produzir sua própria energia reduz o consumo que vem da rede pública e, consequentemente, o valor da conta de energia. A gente fez o sistema com baterias, que acumulam energia por meio de placas solares; então, quando falta energia lá fora, aqui dentro não falta, porque é independente”, esclarece o arquiteto, acrescentando que “a tarifa da energia só aumenta e o valor das placas de energia solar reduz a cada ano. Com isso, hoje é muito fácil investir em energia solar do que investir em banco ou em outra forma”, completa.
O esgoto da casa também é tratado de forma diferente. Na residência não existe fossa convencional. Anderson Mourão utiliza um sistema de bacia de evapotranspiração, conhecida também como fossa de bananeira. A construção custa, em média, R$ 360 e o retorno do investimento é positivo.
“99% do esgoto é água, então com essa técnica as bananeiras puxam toda água e evaporam para o ambiente, e 1% de sólido, as bactérias já digerem e a própria planta se alimenta, por isso ele não enche e você tem essa reutilização na própria planta, além de uma banana deliciosa. Esse é um sistema que imita os padrões da natureza”, descreve.
Por: Sandy Swamy e Breno Cavalcante - Jornal O Dia
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