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Focos de queimadas aumentam 91% no Piauí nos oito primeiros meses de 2018

Comparação foi feita em relação aos meses de janeiro a agosto de 2017. Dados são do Inpe e mostram que ainda que o Piauí se encontra quase totalmente sob risco de fogo.

15/08/2018 12:24

Nem bem o B-R-O-Bró – o período mais quente do ano – começou, os piauienses já estão sentindo os efeitos do aumento gradativo da temperatura. Esta época, caracterizada também pela baixa umidade e pela alta sensação térmica, é sinônimo de preocupação e mais trabalho para o Corpo de Bombeiros, em especial no que diz respeito às queimadas em áreas de preservação e em terrenos baldios.

O Portal O Dia teve acesso aos dados atualizados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que mostram um aumento considerável nos focos de queimada registrados no Estado ao longo dos oito primeiros meses de 2018. De janeiro a agosto, já foram contabilizados no Piauí um total de 2.381 focos de incêndios em vegetação, um aumento de 91% em relação ao mesmo período do ano passado, quando o Estado teve um total de 1.246 focos. Este ano, o Piauí ficou atrás somente do Amazonas (2.541 focos), do Maranhão (3.363), do Mato Grosso (6.982 focos) e do Tocantins (3.584) na quantidade de focos localizados.


Foto: Reprodução/Inpe

Desde 2012, que não se registrava no Piauí uma quantidade tão alta de focos de queimadas. Naquele ano, por exemplo, o Inpe localizou 4.810 focos no Estado. No ano seguinte, após uma redução de 73%, esse número caiu para 1.252, mas em 2014, voltou a subir para 2.804. A grande maioria dos pontos de queimada se concentra nos municípios do interior, no entanto, o alerta emitido pelo Inpe se aplica a todo o território piauiense.

Segundo o monitoramento em tempo real do Instituto, quase 100% do Piauí se encontra em nível crítico para o risco de fogo, sobretudo a área da região metropolitana de Teresina. O município de Floriano, por exemplo, se encontra entre os 10 com a maior quantidade de focos de queimada do Brasil. Com 295 focos localizados, a cidade fica atrás apenas de Porto Velho (RO), Lábrea (AM), Caracaraí (RR), Lagoa da Confusão (TO), Formoso do Araguaia (TO), Apuí (AM), Balsas (MA), Mirador (MA) e Novo Aripunã (AM).


Foto: Arquivo O Dia

Ação humana é o principal fator causador de queimadas

Não só o aumento da temperatura e a baixa umidade do ar contribuem para a quantidade de focos de queimadas registrada no Piauí. De acordo com o Corpo de Bombeiros, a ação humana ainda é o principal fator causador de fogo em vegetação e terrenos baldios, sobretudo no interior do Estado, onde é comum agricultores usarem da queima do solo na preparação da terra para o plantio.

É o que afirma a major Nájra Nunes, porta-voz do Corpo de Bombeiros Militar do Piauí. “Durante todo o ano, nós tentamos fazer um trabalho de conscientização com a população, fechando parceria com o Poder Público, com o Ministério Público e com o Ibama, mas apesar disso, as pessoas parece que não se dão conta da gravidade de atear fogo para limpar o lixo ou limpar um terreno e os números de focos só continuam crescendo”, afirma.


Foto: Arquivo O Dia

A major Nájra explica ainda que a tendência é que os focos de queimada em vegetação aumentem ainda mais no Piauí após a chegada do B-R-O-Bró, impulsionados sobretudo pela baixa umidade do ar e pelo aumento das temperaturas. Ela afirma que se trata de um ciclo que precisa ser quebrado. “Quanto mais as pessoas queimam, mais aumenta a temperatura, porque o buraco na cama de ozônio só cresce e, com isso, a incidência de raios solares. E quanto maior a temperatura no solo, mais altos os riscos de fogo”, explica.

Uma consequência disso, segundo os Bombeiros, é justamente a devastação de biomas protegidos e a morte de diversas espécies da fauna e da flora que deveriam ser preservadas. “É um período do ano em que costumamos atender muitas ocorrências de animais peçonhentos que invadem residências, justamente fugindo de queimadas”, finaliza a major.

Por: Maria Clara Estrêla e Lucas Albano
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