Segundo a pesquisa “Preço Médio da Refeição Fora do Lar”,
realizada anualmente pela Associação Brasileira das Empresas de Benefícios ao
Trabalhador (ABBT), o nordestino é o que menos gasta para almoçar fora de casa,
desembolsando, em média, R$ 32,66, sendo que a média nacional é R$ 34,84. A
região Sudeste se mantém como a mais cara para almoçar fora de casa, com média
de R$ 35,72.
Dentre as 10 cidades do Nordeste pesquisadas, sete
apresentaram retração de preço. Somente Salvador (5,3%), Jaboatão dos
Guararapes (8,5%) e Fortaleza (1,4%) tiveram reajuste. Teresina está na sétima
posição, com retração de -8,5%, com custo médio de refeição a R$ 31,36, em
2018. Em 2017, o custo médio gasto pelos teresinenses era de R$ 34,26.
Segundo a economista Teresinha Ferreira, essa retração no
valor gasto para almoçar fora de casa na região Nordeste, e em especial em
Teresina, tem relação com o custo de vida. Enquanto em outras regiões, como Sul
e Sudeste, o custo de vida é mais elevado, fazendo com que o preço dos produtos
também seja, no Nordeste ele é mais baixo, devido também a renda ser menor.

Foto: Poliana Oliveira/O Dia
Contudo, de acordo com a especialista, comer fora pode sair
mais em conta, se levado em consideração aspectos como deslocamento,
distribuição dos alimentos, entre outros serviços. Ela explica que, quando
somado o valor dos itens alimentícios, gás, energia, gasolina e a contratação
de um profissional para preparar as refeições, o valor monetário torna-se mais
elevado do que comer fora.
“A inflação está aumentando, os alimentos estão cada vez
mais caros. Quem não tem tempo precisa contratar uma pessoa para fazer a comida
e esse serviço também está muito caro. Comendo fora, sai mais barato, claro que
comer popularmente, como em um self-service, alimentando-se apenas nos horários
necessários. Não é sair para restaurantes caros, diferente de sair para lazer e
divertimento”, destaca Teresinha Ferreira.
A economista ressalta ainda que alguns trabalhadores dispõem
de poucas horas de almoço, o que não compensa o deslocamento até suas
residências, obrigando-os a comerem próximos de seus postos de trabalho.
Trabalhadores levam a própria comida para poder economizar
Levar o almoço para comer no trabalho foi a maneira que a
recepcionista Rannyelly Melo, de 26 anos, encontrou para economizar. Segundo
ela, a refeição mais em conta que tem próximo ao local que trabalha custa entre
R$ 10 e R$ 12. Um valor que, no final do mês, teria um reflexo significativo no
seu orçamento. Ao levar sua refeição, ela conta que chega a economizar mais de
R$ 200.

Foto: Poliana Oliveira/O Dia
“Eu opto mais em trazer, porque não compensa comprar, pois,
no final do mês, sai caro e eu tenho outras prioridades. Somente não trago
quando não dá tempo preparar no dia anterior, então sou obrigada a comprar, mas
compro porque é o jeito, até porque, às vezes, nem é a comida que a gente quer,
mas precisa se alimentar, né?”, destaca.
Alimentos mais baratos
De acordo com a economista Teresinha Ferreira, os alimentos
que formam a cesta básica no Nordeste são mais baratos que em outras regiões do
país devido alguns fatores, como o deslocamento e a produção própria. Ela
explica que, como a renda da população é menor, os fornecedores de produtos
tendem a diminuir os valores cobrados nos bens distribuídos.
“Os fornecedores de bens adequam o preço dos alimentos que
são distribuídos levando o aspecto da renda em consideração. Além disso, temos
a nossa produção no Nordeste, e isso barateia ainda mais o custo desses
alimentos, diminuindo o transporte e outra série de custos, pois se esses alimentos
viessem do Sul e Sudeste, seria mais caro”, destaca.
A economista também lembra que a mão de obra no Nordeste é
mais barata com relação à produção de alimentos. O custo de produção dos
alimentos tende a diminuir, vez que reduz a quantidade de distribuidores até
chegar ao consumidor.