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Piauiense integra laboratório do vencedor do Nobel de Medicina

Joanna Lima é formada pela UFPI e faz doutorado sanduíche na Universidade de Oxford, no laboratório do pesquisador Peter Ratcliffe.

09/10/2019 08:48

Formada em Ciências Biológicas pela Universidade Federal do Piauí, com mestrado em Ciências e Doutorado em andamento em Biologia Celular e Tecidual pela Universidade de São Paulo (USP), a piauiense Joanna Lima é uma das integrantes do laboratório de um dos ganhadores do Prêmio Nobel de Medicina de 2019, o pesquisador Peter Ratcliffe, da Universidade de Oxford, na Inglaterra.

No doutorado sanduíche em Oxford, a pesquisadora piauiense, que realizou a maioria dos estudos em escolas públicas do Piauí, estuda como a hipóxia, que é a ausência de oxigênio suficiente nos tecidos, pode levar pacientes com câncer colorretal a possivelmente desenvolver a caquexia, uma condição na qual os pacientes apresentam perda de peso acentuada e involuntária.

A pesquisa de doutoramento dá continuidade à sua pesquisa de mestrado, na qual a cientista constatou que pessoas com o mesmo tipo de câncer e com o mesmo estágio de avanço do tumor podiam, ou não, desenvolver caquexia. No doutorado, Joanna Lima tenta entender por que isso acontecia.

Joanna Lima (de óculos à esquerda) junto com os outros estudantes da equipe e o professor Peter Ratcliffe, no centro. (Foto: Arquivo Pessoal)

Em entrevista ao Jornal da USP, instituição de ensino à qual está vinculada, a jovem cientista explica que durante o projeto de doutorado foi realizada a análise de um conjunto de proteínas, levando a identificar a alteração de algumas funções biológicas, como a hipóxia.

 “Foi isso que nos levou a procurar o laboratório de Peter Ratcliffe, que estuda os mecanismos moleculares da hipóxia em diversas doenças, tais como o câncer”, explicou Joanna Lima ao Jornal da USP. Segundo ela, o objetivo do contato era entender melhor os mecanismos regulatórios desse processo.

A partir das pesquisas desenvolvidas pela pesquisadora em parceria com a professora Marilia Cerqueira Leite Seelaender, do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP, a equipe entrou em contato com o professor Ratcliffe. Joanna Lima relatou ao Jornal da USP que desde a primeira reunião por Skype o professor foi muito solícito e atencioso.

A jovem pesquisadora conta o convívio em laboratório com o professor é “incrível”. “Ele está sempre presente. É uma pessoa muito simples e humilde.” Ela relatou que no momento em que o professor soube que era um dos ganhadores do Nobel de Medicina, a equipe estava em uma reunião científica que acontece toda segunda-feira. 

Após ser notificado do resultado, Ratcliffe voltou para a sala de reuniões e terminou as discussões, revelando o resultado da premiação somente no final. “Cinco minutos de conversa com ele geram aprendizados para a vida toda.”

Segundo a USP, um dos projetos desenvolvidos pela piauiense em parceria com Radcliffe diz respeito à inibição farmacológica do HIF, gene indutor da hipóxia. Os resultados, submetidos à publicação por uma revista científica, mostraram que essa modulação é capaz de inibir o crescimento de tumores. A evolução dos resultados pode apontar, futuramente, para uma nova estratégia terapêutica contra o câncer.

Prêmio Nobel

Os cientistas Peter Ratcliffe, Gregg Semenza e William Kaelin são os vencedores do Prêmio Nobel 2019 de Medicina ou Fisiologia. O trabalho dos pesquisadores ajuda a compreender como as células do corpo se adaptam à quantidade de oxigênio disponível no ambiente.

Por: Nathalia Amaral, com informações do Jornal da USP.
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