Foram necessários poucos minutos para que a família de Bruno Siqueira perdesse tudo que havia acumulado de bens mate- riais durante toda a vida. Um incêndio ocasionado por uma vela esquecida no banheiro consumiu todos os cômodos da residência, que se transformou em um emaranhado de cinzas e prejuízos incalculáveis. Além dos danos materiais, o fogo também levou fotografias e recordações insubstituíveis para a família. Tristemente, essa realidade se repete. Em Teresina, até abril de 2015,  52 casas e 39 pontos comerciais já passaram por incêndios em suas instalações, tão graves ou de menores proporções como o que viveu a família Siqueira.

Os números, assim como a gravidade do problema, são alarmantes. No ano de 2014, a Capital do Piauí registrou 305 incêndios entre pontos residenciais e comerciais. É cerca de um incêndio a cada um dia e meio. Nesse mesmo ano, 23 prédios públicos passaram por focos de incêndio e 17 GLPs, o conhecido gás de cozinha, entraram em combustão.

Fotos: Jailson Soares/O Dia

Enquanto neste ano, 39 pontos comerciais e três prédios públicos já passaram pelo problema. No começo deste mês, duas lojas localizadas no Centro de Teresina, uma sapataria e outra loja de tecidos,  perderam parte boa parte do estoque por conta de incêndios. O indi- cativo para ambos os casos é que o incêndio pode ter sido ocasionado por curto circuito.

Após cerca de cinco anos do incêndio que tomou toda a casa dos Siqueira, Bruno afirma que a família ainda tenta reconstruir tudo o que perdeu na ocasião. “Foi um prejuízo completo. Não sobrou praticamente nada da casa. Por sorte, ninguém se feriu, e como fomos criados em uma família com edu- cação cristã aprendemos a percepção do desapego material. Minha mãe costumava dizer, que não há nada mais importante que a vida, então, o material tivemos que conseguir novamente. Nós tivemos muitas ajudas no período, desde materiais de construção, roupas e local para ficar”, relembra.

A casa da família é localizada no conjunto Parque Piauí, zona Sul de Teresina. O incidente aconteceu em um dia sem energia no bairro. Enquanto Bruno, o irmão e outro primo estavam em casa, as velas foram utilizadas para faci- litar na convivência com a escuridão. No entanto, mesmo após a saída dos três, uma delas foi esque- cida acesa no banheiro, onde teve início o foco das chamas.

Equipamentos ele- trônicos, fogão, camas, roupas, livros, fotos, ele- trodomésticos, tudo que estava dentro do local foi consumido pelo fogo. Apenas um dos cômodos mais afastados não sofreu as consequências do incêndio. 

 Bruno Siqueira tenta reconstruir o que foi perdido em incêndio

“Depois foi constatado que o foco do incêndio foi no banheiro, e como nossa casa era uma casa popular, ele ficava no centro de tudo. As chamas tomaram o teto do banheiro e se espalharam pelos cômodos, mas também foi constatado em um lugar, que não tinha velas, um novo foco de chamas, acreditamos que pode ter sido um curto circuito pelo aquecimento da casa”, esclarece Bruno. A família, que por alguns meses teve de ficar morando em uma casa cedida por um familiar, já voltou a ocupar a casa do incidente, que mesmo reconstruída, ainda tem resquícios do incêndio e passa por repa- rações sequenciadas. “Todo mundo aqui de casa virou pedreiro, pintor e marceneiro, tivemos que reconstruir tudo de novo”, diz.

Após o ocorrido, a vida segue de uma forma diferente. Bruno diz que os cuidados com equipamentos eletrônicos ligados, por exemplo, são constantes. O jovem sempre tem o cuidado de tirar tudo da tomada, antes de sair de casa ou mesmo enquanto não estiver usando os aparelhos. Velas? Atenção sempre redobrada. Enquanto conversava com a reportagem, ele desligou a televisão e puxou o fio de ligação do aparelho. “Aprendi que cuidados nunca são demais”, finaliza.

Por: Glenda Uchôa - Jornal O Dia